Em 1984, Vagner Dotto jogou uma série de esculturas da ponte do Guaíba. Com a intervenção que ganhou repercussão nacional - apareceu até no Fantástico -, o artista gaúcho fazia um protesto contra a poluição das águas.
A exposição que será aberta quarta-feira, às 19h, no Museu Julio de Castilhos (Duque de Caxias, 1.205, em Porto Alegre) cumpre a tarefa de reapresentar um artista cuja morte precoce em 1994, antes de completar 50 anos, foi acompanhada pela gradual retirada de cena de sua produção. Vagner Dotto - Natureza Íntima oferece uma panorâmica com cerca de 40 trabalhos em pintura, desenho, gravura e escultura.
- A obra do Vagner não era exibida em Porto Alegre desde a metade dos anos 1990, pouco antes de sua morte. A exposição é um "dar-se a conhecer", pois nem mesmo a nova geração conhece seus trabalhos - comenta o curador, Renato Rosa.
Nascido em Caçapava do Sul, em 1945, Dotto estudou no Instituto de Artes (IA) da UFRGS. Nos anos 1970, participou de salões pelo país, recebendo diversos prêmios. Na década seguinte, estabeleceu-se em Santa Maria, onde passou a dar aulas na UFSM, dirigindo um ateliê de desenho que influenciou uma geração.
Reconhecido como pintor, desenhista e gravador, Dotto consolidou uma obra cuja força vinha do esforço em criar uma linguagem própria. Em certo momento da carreira, ele passou a ficar conhecido pelas séries que ganharam títulos como A Cabana do Turquinho, Tapete Mágico e Anos de Solidão, nas quais a figura humana se destaca em trabalhos marcados pelos tons da solidão e do abandono.
- São figuras dramáticas, em desespero, sem lirismo e, muitas vezes, acentuadamente caricaturais - comenta Rosa.
Vagner Dotto - Natureza Íntima
> Abertura quarta, às 19h. Visitação a partir de 2 de maio, de segunda a sábado, das 10h às 17h. Até 4 de junho. Gratuito.
> Museu Julio de Castilhos (Duque de Caxias, 1.205), fone (51) 3221-5946, em Porto Alegre.
> A exposição: apresenta as diversas linguagens com as quais Vagner Dotto trabalhou, usando técnicas como gravura (metal, xilo e lito), desenho, aquarela, pinturas (óleo e acrílicas) e esculturas (terracotas e bronze).