A exploração dos sons que materiais como uma gaiola, talheres ou uma bicicleta são capazes de produzir é uma marca da banda gaúcha Apanhador Só, que em 2013 se consolidou como um dos principais nomes na música independente brasileira. Os músicos passaram por um susto nesta quarta-feira, quando parte desse patrimônio de instrumentos improváveis - muitos deles modificados pelo próprio grupo - foi extraviada em um voo.
Na manhã desta quarta-feira, os integrantes do grupo desembarcaram do voo 5011 da Azul Linhas Aéreas em São Paulo, mas a esteira do aeroporto não trouxe a mala carregada com os objetos, apelidados carinhosamente de "sucatas", que seriam usados em shows agendados na cidade. Eles recorreram à companhia aérea e no final da noite de ontem receberam a bagagem em seu hotel.
- Não são apenas sucatas, são objetos que a gente transfigurou em instrumentos e que de certa forma são insubstituíveis - explica o vocalista Alexandre Kumpinski. Ele complementa: - Tem umas panelinhas de brinquedo que uma guria de Belo Horizonte nos deu, elas eram de alumínio, e possuíam um timbre maravilhoso. O surdo que gente usava era velho, bem ruim tecnicamente falando, mas também tem um timbre muito específico que de nenhum outro surdo a gente vai tirar.
Além dos objetos garimpados pela sonoridade específica, há aqueles com valor emocional, como uma antiga placa do fusca do pai do guitarrista Felipe Zancanaro. O tipo de bagagem que dificilmente pode ser avaliada em termos financeiros, o que foi motivo de apreensão para os membros da banda ao longo do dia.
Enquanto a mala não chegava, o grupo chegou a participar de um programa da MTV com objetos recolhidos da própria cozinha do hostel onde estavam hospedados.
- A gente estava contando com as sucatas para uma pequena participação em um programa na MTV, então demos uma 'banda' pela cozinha do hostel, mas para um show completo seria preciso se reestruturar.
Procurada por Zero Hora quando os objetos ainda estavam perdidos, a companhia aérea Azul afirmou que estava apurando o caso.