A despedida do ator e músico Nico Nicolaiewsky neste sábado, na Capital, teve o anúncio da criação de um instituto para preservar o legado do artista. Na plateia lotada do Theatro São Pedro, onde ocorreu o velório, estavam amigos como a diretora do espaço cultural, Eva Sopher, e o compositor Arthur de Faria, na primeira fila, e a vocalista da banda Pato Fu, Fernanda Takai.
Cerca de 700 pessoas assinaram o livro de homenagens, mas centenas mais passaram por ali em silêncio. Em meio a tantas lágrimas e soluços, os risos não puderam ser contidos quando o colega de Tangos e Tragédias, Hique Gomez, tomou a palavra nos momentos finais da cerimônia para relembrar histórias do início da trajetória da dupla.
- Não sabíamos muito bem o que queríamos fazer, mas a dona Eva Sopher reconheceu o nosso trabalho antes de nós mesmos. Janeiro era um mês em que a cidade parava e os teatros fechavam. A dona Eva nos ofereceu esse espaço nobre que é o Theatro São Pedro. Nós estávamos duros e não tínhamos o que fazer, aceitamos. Nunca acreditamos que no ano seguinte haveria público. Mas para a nossa surpresa, sempre havia - contou o intérprete de Kraunus Sang.
Os fãs também tomaram a palavra para expressar a importância de Nico e do Tangos e Tragédias em suas vidas. A aposentada Rosali Kellermann, que assistiu ao espetáculo pelo menos 10 vezes, propôs que o dia 7 de fevereiro seja decretado o Dia do Tangos e Tragédias, com um evento que celebre a importância do espetáculo que esteve três décadas em cartaz para Porto Alegre.
- Muitos dos meus dias difíceis foram amenizados porque eu sabia que em janeiro haveria o show que me alegrava e me fazia refletir sobre o lado cômico da vida - contou Rosali, emocionada.
Pouco depois das 18h, os fãs começaram a deixar o teatro sob uma chuva fina. Diferentemente do espetáculo cômico pelo qual Nico ficou conhecido, este, que era triste, não teria continuação na Praça da Matriz. Apenas os familiares e amigos próximos permaneceram no São Pedro para uma despedida reservada. Dali, o caixão com o corpo de Nico Nicolaiewsky foi levado para o cemitério do Centro Israelita. Às 21h30min, dezenas de familiares, amigos e admiradores acompanharam a cerimônia de sepultamento. Lembrou-se de Nico como um artista incrível, pai, marido e amigo excepcional, propagador de alegria, que deixou mais feliz a cidade onde nasceu e a vida daqueles que se aproximaram e conheceram sua obra.
- Eu acredito que a música é eterna, ela poderá ser escutada por centenas de anos, e o Nico permanece vivo na sua música - afirmou Hique Gomez.