Deixo de lado Passa Passa Quatro e seus personagens, pois se aproxima uma semana que me traz grandes recordações.
Em 1993, Eduardo e André foram para Los Angeles porque havia mar e eles eram surfistas. E mais que tudo, aventureiros. Trabalharam, enquanto lá estiveram, entregando pizzas. E, por incrível que pareça, se deram bem, muito bem. Em dezembro fomos visitá-los.
Combinamos passar o Natal em Nova York. A noite de Natal foi no Rosas Place, restaurante de uma brasileira. Ainda hoje temos as canecas ganhas de presente. Não sei se o restaurante ainda existe, mas, ao sairmos, naquela noite, a neve caía. E sob a neve, alegres pelo encontro, caminhamos até o nosso apartamento na Rua 22.
O André não pôde vir, pois não conseguiu licença do emprego. Então, voamos para Los Angeles onde passamos o Ano-Novo.
Dos passeios, das aventuras, das emoções, dos descobrimentos, da alegria por vê-los felizes, do reencontro que nos fez mais amigos, extraí o material para o livro Pássaro dos Dias de Verão, dedicado aos dois.
Em 1994, o Eduardo estava em Paris, estudando na Alliance Française e mochilando pela Europa. Lá fomos nós outra vez.
Durante uma semana o Eduardo tentou nos mostrar Paris por inteira. E quase conseguiu. Fechamos o Natal assistindo à missa da meia-noite na Catedral de Notre Dame. Do enlevamento, do simbólico, nunca mais esquecemos.
André continuava nos Estados Unidos. Por isso, trocamos Paris por Nova York onde passamos o Ano-Novo. Próximo à meia-noite caminhávamos em direção à Broadway ansiosos pela grande maçã. Uma chuva mansa, os cavaletes impedindo trânsito na região, os guardas indicando por onde podíamos passar, a multidão que se aglomerava, nada era maior que a nossa alegria. A emoção de estarmos juntos, naquele momento, era maior que tudo.
Ao desembarcarmos no Salgado Filho outra grande surpresa: quase ao mesmo tempo o Eduardo chegava de Paris.
Foi em uma semana destas, entre Natal e Ano-Novo, lá pelos idos de 80, que se manifestaram os primeiros sintomas do meu câncer.