O livreiro Guima Beinecke acordou às 5h da manhã de segunda-feira, em sua casa em Guaíba, ouvindo as trovoadas da madrugada mais chuvosa do ano e não conseguiu mais dormir. Estava preocupado com o que poderia estar acontecendo naquele momento com a banca de sua livraria, Entrelinhas, na Praça da Alfândega. Tomou o rumo da Capital logo que amanheceu o dia e, às 7h30min, já estava na Praça para constatar, aliviado, que, apesar do grande volume de água que se acumulava nos corredores, tanto o seu estande quanto os dos vizinhos estavam intactos.
- Foi a primeira chuva realmente forte a cair depois da remodelação da Praça. Passou mil coisas pela minha cabeça, que ia alagar, que podia desabar a lona. Mas, no fim, estava tudo bem - disse ele.
Se em sua primeira semana a Feira comemorou boas vendas e um número maior de frequentadores, a segunda-feira foi de pouco movimento, corredores quase vazios, bancas que abriram com atraso e cancelamento de programação. Tudo por causa da chuva. A tempestade levou ao cancelamento da programação da Área Infantil e Juvenil que estava marcada para a manhã. As bancas foram abertas após a chuva, mas fechadas às 18h, três horas antes do horário habitual. Ao longo do dia, a visão mais comum era dos garis varrendo os corredores para ajudar o escoamento da água.
- No início da tarde, havia muita água. Depois, a situação melhorou - comentou a gari Maria Isabel Soares de Araújo.
Além dos corredores molhados, contudo, foram poucos os estragos significativos. A estrutura de 9 mil m² de lona que cobre as alamedas da Feira do Livro conteve a chuva com eficiência em quase toda a Praça. Mas uma das bancas, a da Imprensa Oficial do Estado, teve seus livros atingidos pela água.
- Estamos bem no encontro de lonas, acabou transbordando. Perdemos vários livros - contou Maria Helena Gardioni, chefe da divisão de publicações técnicas da instituição.
Segundo o engenheiro responsável pela infraestrutura da Feira, Eduardo Bergallo, os problemas provocados pela chuva na Praça tinham mais a ver com acesso do que propriamente com alagamento.
- O vento não derrubou nem quebrou nada. Como a chuva foi muito forte, sempre há alguma coisinha para resolver, algumas goteiras, mas está tudo dentro do previsto - comentou Bergallo.
Os livreiros da Editora Unisinos foram os que não conseguiram abrir seu estande no horário:
- Viemos de São Leopoldo e nos atrasamos quase duas horas para chegar. Tivemos que fazer vários desvios por causa dos alagamentos. Mas ficou tudo sob controle - disse o funcionário da editora Leonardo Schneider.
Outros que tiveram problemas com a chuva foram os livreiros instalados mais próximos ao fim da cobertura de lona. Bancas como a Inovação ou a Luz e Vida, localizadas nas extremidades de alguns dos corredores, estavam funcionando com metade de seus estandes vazios, para escapar da chuva, que, impulsionada pelo vento, terminava por molhar os livros expostos.
O presidente da Câmara Rio-Grandense do Livro, Osvaldo Santucci, comentou alguns dos problemas provocados pelo aguaceiro:
- Há pouca gente transitando na Feira, e muitos autores não estão conseguindo chegar.