Miau Alabarse entrou na minha vida pela porta da frente, sem maiores explicações. Na primeira noite que o vi, imóvel na mureta do portão, me olhou e não se mexeu. Registrei sua presença insólita e, morto de sono, fui direto para a cama. Na manhã seguinte, nenhum sinal dele. Mas me esperou, pela segunda noite consecutiva, na mesma mureta da entrada. Ronronou na minha direção, e lhe sorri antes de entrar. Na terceira noite, como Richard Gere no filme do cachorro, peguei-me pensando se estaria lá me esperando. Estava. Ao me ver, saltou da mureta e, sem entabular a mínima negociação, entrou em minha casa, de onde nunca mais saiu.
Coluna
Luciano Alabarse: O felino da mureta
Gatuço, que é como chamo Miau nas intermináveis vezes em que acordo meus vizinhos atrás dele, é um rueiro de carteirinha