Conhecido hoje por sua persona de cronista polêmico, Arnaldo Jabor ergueu como cineasta obras marcantes da produção nacional. Ao lado de clássicos como Toda Nudez Será Castigada e Tudo Bem, a peça Eu te Amo é um de seus mais representativos trabalhos atrás da câmera.
Lançado em 1981, Eu te Amo foi adaptado para o teatro pelo próprio Jabor, no texto que ganhou há dois anos a montagem estrelada por Alexandre Borges e Juliana Martins. Eu te Amo, a peça, cumpre curta temporada na Capital, quarta e sexta-feira, às 21h, no Teatro do Bourbon Country. Devido à paralisação de serviços anunciada para quinta, quem tinha ingresso para a data poderá trocá-lo, no local da compra, por uma entrada para quarta ou comparecer direto com o bilhete no teatro para a sessão de sexta-feira.
Na versão do cinema, Paulo César Pereio e Sônia Braga foram os protagonistas. Ele, Paulo, é um industrial falido abandonado pela companheira. Ela, Maria, cruza seu caminho e também amarga uma frustração amorosa. Dentro de um apartamento na zona sul carioca, eles vivem uma catarse emocional pontuada por frustração, desejo, desespero, sexo e redenção. Jabor dirigiu a adaptação teatral nos anos 1980, com Paulo José e Bruna Lombardi. Esse texto é a base para a versão dirigida por Rosane Svartman e Lírio Ferreira.
- Quando a gente resolveu remontar, ele (Jabor) falou: "Vocês estão livres" - conta Rosane à Zero Hora. - Disse que a gente podia dar uma mudada. A gente mexeu pouco. Tanto o Paulo quanta a Maria são pessoas derrotadas pela vida. Na nossa versão, em vez de se conhecerem na rua, eles se encontram numa sala de bate-papo na internet. Ela finge ser garota de programa. Ele finge ser rico. Eles se apaixonam e vão revelando seus desgostos, amarguras. O Jabor tem uma ironia que está no texto, os personagens sabem rir de sua desgraça.
Uma alteração em relação ao filme é que Paulo deixa de ser um industrial para ser um cineasta falido. Alexandre Borges lembra que a performance de Pereio lhe impressionou:
- Vi o filme no final da adolescência. É daquelas interpretações que deixa a fronteira entre ator e personagem muito tênue, como Jardel Filho em Terra em Transe e o Paulo José em Macunaíma. No Pereio a gente reconhece a figura de um homem de classe média passional e desiludido. Apesar desse aspecto mais contemporâneo, o texto ressalta o abismo que existe entre as concepções masculina e feminina do mundo, da dificuldade em se lidar com a solidão.
Tanto Rosane Svartman quanto Lírio Ferreira são diretores conhecidos por trabalhos no cinema.
- Eu já tinha escrito textos para o teatro, mas nunca tinha dirigido - destaca Rosane. - O texto foi escrito por um cineasta, tem uma história cinematográfica. A experiência de dirigir no teatro é bem diferente. A gente brinca que a peça parece um grande plano-sequência. O Alexandre e a Juliana trouxeram muitas ideias. A gente experimentava e via o que cabia. É um texto que permite essa brincadeira entre o teatro e o cinema.
Alexandre complementa:
- As opiniões diversas de um diretor e de uma diretora se complementam para ressaltar um elemento mais masculino ou mais feminino. O cinema trabalha com mais contenção, é menos melodramático e mais sóbrio.
SERVIÇO:
Eu Te Amo
Texto de Arnaldo Jabor. Direção de Rosane Svartman e Lírio Ferreira.
Com Alexandre Borges e Juliana Martins.
Quarta e sexta-feira, às 21h. Duração: 75 minutos.
Classificação: 16 anos.
Teatro Bourbon Country (Av. Túlio de Rose, 80), telefone (51) 3375-3700.
Onde estacionar: Estacionamento no local a R$ 5.
Ingressos: entre R$ 60 e R$ 130, para hoje, e R$ 70 e R$ 130, para sexta-feira. Desconto de 10% para titular e acompanhante do Clube do Assinante. Confira os pontos de venda na Agenda.
A peça: o cineasta Arnaldo Jabor adaptou para o teatro o roteiro do filme Eu Te Amo (1981), dirigido por ele e estrelado por Paulo César Pereio e Sônia Braga. O próprio Jabor já havia encenado o texto no palco, com Paulo José e Bruna Lombardi.