Os movimentos sociais em ebulição no mundo hoje não são apenas grupos de protesto, são o ensaio para a sociedade do futuro. Foi essa a mensagem central da conferência proferida nesta segunda pelo sociólogo espanhol Manuel Castells como parte do ciclo Fronteiras do Pensamento.
Castells basicamente fez uma ampla apresentação (a conferência durou uma hora) do que concluiu em seu livro Redes de Indignação e Esperança, que tem previsão de lançamento para setembro. Resultado de uma investigação empreendida por Castells para entender como funcionam os movimentos mais recentes ao redor do mundo: os protestos contra a crise na Espanha, na Islândia, nos Estados Unidos e os clamores por direitos humanos e civis no Oriente Médio.
Ao longo de sua palestra, Castells apresentou suas conclusões sobre como esses movimentos se organizam, se estruturam e quais são seus objetivos. Usando exemplos a cada passo e valendo-se de tiradas de bom humor, fez uma súmula dos padrões essenciais desses movimentos tão diversos.
- Apesar de mudarem-se os contextos, é possível observar padrões que dão uma dinâmica própria aos movimentos que estamos vendo - disse o sociólogo.
Elogio a Porto Alegre como marco internacional
Elogiando Porto Alegre, cidade que, de acordo com ele, tornou-se um marco dos movimentos internacionais com a experiência do Fórum Social Mundial, Castells insuspeitadamente abordou questões que falaram diretamente ao público que o assistia. Citou outro movimento recente de milhares de jovens na Turquia que tentaram preservar um dos últimos parques no centro histórico de Istambul e foram reprimidos com violência e mortes.
- Esse não é um problema turco, é um problema global - disse Castells, que não fez nenhuma ligação explícita com os recentes protestos contra derrubadas de árvores na Capital. O auditório interrompeu-o com aplausos, mostrando fizera a conexão sozinho.
Castells esboçou o retrato dos novos movimentos sociais: são descentralizados, democráticos, horizontais e não dispostos a ter um programa delimitado, e sim a mudança de todo um status quo.
- Tais movimentos não têm programa, ou tem tantos que não têm nenhum. O que tem sua lógica, que sabem que o sistema que combatem está estruturado de tal modo que, se não for rompido, não serão atendidas nenhumas demandas.
O Fronteiras do Pensamento Porto Alegre é apresentado pela Braskem e tem o patrocínio de Unimed Porto Alegre, Weinmann Laboratório, Santander, CPFL Energia, Natura e Gerdau. Promoção Grupo RBS. O projeto conta com a UFRGS como universidade parceira e parceria cultural de Unisinos, Prefeitura Municipal de Porto Alegre e Governo do Estado do Rio Grande do Sul.