O escritor Breno Serafini autografa nesta quarta-feira, na Livraria Cultura do Bourbon Shopping (Túlio de Rose, 80), seu livro Millôres Dias Virão, misto de estudo e biografia a respeito do humorista Millôr Fernandes. O lançamento será precedido por um bate-papo, a partir das 19h, entre Serafini, o professor da UFRGS Antônio Sanseverino e o psicanalista Abrão Slavutzky.
Millôres Dias Virão (Libretos, 214 páginas, R$ 28) é uma obra retrabalhada a partir da tese de doutorado em Letras apresentada por Serafini na UFRGS, sob orientação de Maria da Glória Bordini. Serafini já havia, no mestrado, realizado um mergulho nas interrelações entre humor e ideologia, usando como ponto de partida a obra de Luis Fernando Verissimo. Com Millôr, o próprio Serafini admite ter encontrado um universo bem diferente: o de uma ideologia extremamente libertária.
- O Millôr como tema foi um grande desafio. Nas poucas vezes em que o vi falar abertamente sobre política em algumas entrevistas, ficava claro que ele se dizia um anarquista. Não dos de colocar bomba, mas dos que questionam todas as instituições. Ele dizia que o papel do intelectual era questionar sempre, que não existia intelectual de esquerda ou de direita, o verdadeiro intelectual tinha de fazer as pessoas sempre verem o outro lado - analisa Serafini.
Ao longo das 214 páginas do livro, Serafini estuda textos de vários períodos das sete décadas de produção do escritor - mas centra-se principalmente nas décadas de 1980
e 1990, quando o "gênio do Méier" escrevia para a revista IstoÉ. O recorte foi feito para o próprio pesquisador poder se organizar dentro da extensa obra deixada por Millôr em vários veículos de imprensa.
- A obra do Millôr é gigantesca não apenas em qualidade, mas em seu volume. Só na ilustração, seu acervo reúne mais de 8 mil itens. Escreveu quase 80 peças de teatro, publicou ao longo da vida mais de 120 títulos, e na grande imprensa ele fazia algo que não era bem a crônica, é o que eu chamo de "craquelê", um mosaico fragmentado de notas, fábulas, poemas, ilustrações. Com sua morte, o Brasil perdeu de fato um pensador - diz Serafini