Manuel Castells tornou-se conhecido pelo conceito de sociedade em rede desenvolvido principalmente na trilogia Sociedade em Rede - a Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura (Paz e Terra, 1999). Em 10 de junho, no Fronteiras do Pensamento, o sociólogo vai expor sua problematização sobre a transformação qualitativa da experiência humana, que faz emergir novas relações entre o global e o local na experiência de estarmos "conectados". Ele considera que as diferenças culturais e as alternativas existenciais locais indicam o surgimento de novas formas históricas de controle, interação e transformação social. Professor da Universidade Aberta da Catalunha, em Barcelona; emérito da Universidade de Berkeley, Califórnia; titular da Escola de Comunicação Annenberg, da Universidade do Sul da Califórnia; professor ilustre do Massachusetts Institute of Technology (MIT).
Essas são algumas das instituições nas quais o sociólogo Manuel Castells foi construindo e compartilhando seu pensamento. Ele é hoje um dos principais pensadores da influência da tecnologia da informação na sociedade. Para o sociólogo e professor do programa de pósgraduação em Sociologia da UFRGS Daniel Gustavo Mocelin, Castells tornou-se uma referência fundamental na análise sobre a nova morfologia social, ao propor a concepção da sociedade de rede. Seus estudos têm evidenciado transformações socioeconômicas, que abrangem as mais diferentes sociedades em nível planetário, e repercutem as consequências sociais da revolução das tecnologias da informação e da comunicação, especialmente com a difusão da microeletrônica e da Internet. A sociedade em rede sintetiza um período de transição histórica, que ultrapassa a esfera econômica e afeta a cultura e o poder de forma profunda.
- Castells descreve a sociedade atual como uma realidade irreversivelmente globalizada, onde a revolução das tecnologias da informação e da comunicação
penetram rapidamente em todas as esferas da atividade humana, gerando mudanças na dinâmica econômica, na ordem política, nas instituições sociais e nos sistemas de valores - enfatiza Mocelin.
Experiências de sociabilidades diversas não lhe faltaram. Educado na Espanha da década de 1940, em uma família extremamente conservadora sob o olhar de Francisco Franco, ditador fascista, mudou-se de sua cidade natal Hellín para Barcelona, onde frequentou a universidade a partir dos 16 anos de idade. Pouco tempo depois, aderiu ao Partido Socialista catalão de forma clandestina. Aos 20 anos, suas atividades políticas o levaram a fugir da Espanha por medo de ser preso e torturado pelo regime franquista, indo para a França onde concluiu o mestrado em direito e economia. Usando métodos empíricos, Castells iniciou o desenvolvimento de uma teoria geral da cidade, a partir da perspectiva do processo de mudança social, centrando-se sobre a transformação do espaço e o papel dos movimentos sociais.
Conforme Mocelin, Castells vê no controle da informação e do conhecimento as fontes de poder nas sociedades. No entanto, a nova sociedade, que engloba a velha sociedade industrial, apresenta avanços qualitativos e quantitativos no processamento da informação e desenvolve de forma exponencial a aplicação, a geração e a distribuição do conhecimento. O sociólogo dá ênfase, ainda, à comunicação como atividade essencial da convivência humana.
- A comunicação é vista como um processo de compartilhar significados, a partir da troca de informações. A sociedade em rede proporciona a articulação de novas redes de interesse no âmbito da sociedade civil, redimindo o monopólio da informação por parte de grupos restritos. Reconhece-se, portanto, o empoderamento de grupos sociais diversos - reconhece Mocelin.
Manuel Casttels no Fronteiras do Pensamento
10 de junho de 2013, às 19h30, no Salão de Atos da UFRGS (Av. Paulo Gama, 110 - Porto Alegre - RS)
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