O produtor e arranjador musical Quincy Jones, que trabalhou com grandes artistas como Michael Jackson e Frank Sinatra, morreu aos 91 anos neste domingo (3). A morte foi confirmada por seu assessor, Arnold Robinson, que informou que o músico morreu cercado pela família em sua casa em Bel Air, bairro de Los Angeles, nos Estado Unidos.
Segundo o g1, os familiares declararam que, apesar da perda, celebram "a grande vida que ele viveu" e sabem "que nunca haverá outro como ele". A causa da morte não foi divulgada.
Extrovertido e sociável, Quincy personificou uma parte da história da música: foi amigo de Ray Charles, diretor musical de Dizzy Gillespie, arranjador de Ella Fitzgerald e encabeçou a última grande atuação de Miles Davis, que se transformou no álbum Miles & Quincy Live At Montreux.
Quincy também produziu desde Aretha Franklin até Céline Dion e desencadeou um terremoto cultural ao lançar a carreira solo do jovem Michael Jackson, um casamento musical que produziu Thriller e mudou o pop para sempre.
— Quincy fez tudo. Ele foi capaz de transformar a sua genialidade em qualquer tipo de som — declarou o pianista de jazz Herbie Hancock em 2001.
Quincy também foi o responsável pela produção de We Are The World, que reuniu astros da música em 1985 a fim de arrecadar recursos para a luta contra a pobreza na África. A faixa foi escrita por Lionel Richie e Michael Jackson. Em 1986, a música levou o Grammy de canção do ano.
Em relação a reconhecimento, Quincy soma, entre outros, 28 prêmios Grammy.
Ligação com a música
Quincy Delight Jones Jr. nasceu em 14 de março de 1933, em Chicago. A mãe dele sofria de esquizofrenia. Ele e o irmão Lloyd cresceram em condições difíceis com a avó em Louisville. Quando chegou à pré-adolescência, Quincy voltou para Chicago para morar com o pai.
Após se mudar para Seattle com o irmão, o artista descobriu a habilidade com o piano em um centro recreativo, e a história de amor com a música começou.
— Encontrei outra mãe — escreveu em sua autobiografia de 2001.
Quincy começou tocando em locais menores. Escreveu a primeira composição e desenvolveu habilidades para arranjos musicais e trompete. Ele conheceu Ray Charles, futuro pioneiro do blues e do bebop, depois de uma performance e o duo se tornou um pilar da música local.
Quincy estudou brevemente na Faculdade de Música Berklee, em Boston, antes de se juntar às turnês de Lionel Hampton e mudar-se para Nova York, onde se tornou conhecido como arranjador de celebridades que incluíram Duke Ellington, Dinah Washington, Count Basie e Ray Charles.
O músico participou de Heartbreak Hotel, de Elvis Presley, e fez um dueto com Dizzy Gillespie por vários anos antes de se mudar para Paris em 1957, onde estudou com a lendária compositora Nadia Boulanger.
Ele viajou pela Europa com várias orquestras de jazz, mas percebeu que fama e talento não se monetizam automaticamente.
Endividado, Quincy passou para o lado empresarial do negócio da música. Ele conseguiu um emprego na Mercury Records, onde alcançou a posição de vice-presidente.
— Quando se tratava de realmente controlar uma gravadora e a música, não eram pessoas negras que as controlavam — comentou Herbie Hancock. — Quincy (...) abriu a porta.
Sucessos
Quincy também trabalhou em Hollywood, em programas de televisão e filmes. Ele escreveu os próprios sucessos, como Soul Bossa Nova, enquanto fazia arranjos para dezenas de estrelas da indústria musical. O artista trabalhou com Sinatra, arranjando a versão mais famosa de Fly Me To The Moon.
Produziu o famoso programa de TV Um Maluco no Pedaço (1990–1996), que fez Will Smith saltar para a fama. Ele levou Oprah Winfrey para a tela grande, apresentando-a para Steven Spielberg, que a recrutou para atuar no filme A Cor Púrpura, pelo qual foi nomeada ao Oscar. Quincy também apoiou Martin Luther King Jr. e causas humanitárias na África.
Vida pessoal
O produtor se casou três vezes, com as atrizes Jeri Caldwell, Ulla Andersson e Peggy Lipton (de quem se separou em 1990), e teve sete filhos. Ele sofreu vários problemas de saúde, incluindo um aneurisma cerebral quase fatal em 1974, após o qual parou de tocar trompete.
Quincy disse ter tido um "colapso nervoso" em 1986 por excesso de trabalho. E, em 2015, estava em coma diabético e teve um coágulo que o levou a deixar de consumir álcool.