Daniel Jobim e Kell Smith vêm a Porto Alegre neste sábado (9) para começar a fechar o verão, tal qual as águas de março da canção de Tom Jobim, mas também para dar início a uma turnê de celebração. A dupla, que se apresenta no Auditório Araújo Vianna, a partir das 21h, fará uma homenagem ao icônico álbum Elis & Tom, de Elis Regina e Tom, que está completando 50 anos de lançamento.
A Capital foi escolhida para sediar o primeiro de uma série de 10 shows como forma de homenagear Elis Regina, porto-alegrense que completaria 79 anos neste 17 de março. Além disso, o álbum de 1974 teve as suas — tensas — gravações encerradas em Los Angeles, nos Estados Unidos, em um 9 de março, ou seja, exatamente 50 anos antes do show que o comemora. É, de fato, uma época festiva para a cultura brasileira, e a turnê Tributo a Elis & Tom chega no momento certo.
Daniel Jobim, neto de Tom, tinha um ano de idade quando o histórico álbum foi lançado. Na escola, algum tempo depois, ouvia os colegas dizendo "o avô dele fez é pau é pedra" — referência ao início da letra de Águas de Março —, o que o fez compreender, ainda pequeninho, que o disco Elis & Tom, que contém a música, é algo especial. E, mesmo que o trabalho esteja tatuado na história da música popular brasileira, Daniel acredita que precisa ajudar a disseminar a palavra para novos ouvintes.
— Achei necessário fazer essa turnê, um desafio por causa dessa data de 50 anos, que é meio século. Não pode passar em branco. E nós temos que interpretar as canções novamente para o público mais jovem, que não as conhecem — explica Daniel, que decidiu seguir os passos do avô quando subiu ao palco pela primeira vez, ao lado de Tom, ainda criança, em 1977, e a luz do holofote lhe marcou para sempre.
Para este trabalho de homenagear o álbum cinquentenário — o que não é simples, afinal, Elis Regina e Tom Jobim são dois dos maiores artistas da história do país, e o disco nascido da parceria deles é considerado um dos mais importantes de todos os tempos —, Daniel convidou Kell Smith. A escolha se deu pela paixão que a artista paulistana de 31 anos tem pela Pimentinha.
— Quando eu tinha 11 anos, meu pai me deu uma vitrola acompanhada do LP Falso Brilhante. E a Elis mudou a minha vida, a minha relação com a música. Até hoje, eu me emociono sempre que ouço cada um dos álbuns, cada uma das das interpretações. A Elis me apresentou a música brasileira — conta Kell. — A minha relação com ela é de completa devoção, amor e gratidão, porque se hoje eu estou representando a música brasileira, devo isso a ela e tenho certeza de que ela vai sentir. É a minha oportunidade de dizer "eu te amo".
Kell & Daniel
Se cada acorde do álbum Elis & Tom parece ter sido criado por um ser celestial, devido à perfeição do resultado — mesmo que o processo de gravação tenha sido conturbado —, como traduzir isso para um show sem os dois artistas responsáveis estarem presentes? Como chegar perto do que foi feito há 50 anos e que, até hoje, segue com a sua relevância intocada? Mais do que isso, como equilibrar as personalidades dos dois artistas responsáveis pela turnê-homenagem com os criadores da obra-prima?
— Fizemos o mais próximo possível da sonoridade do álbum, com a nossa orquestra, e ficou lindo — conta Daniel. — O equilíbrio foi natural, a gente cantando junto ficou perfeito. E a banda também é excelente, a orquestra com violoncelo e trombone. Mantivemos a sonoridade do disco, as tonalidades e como ele foi feito para ser o mais próximo possível do som, para lembrar as pessoas e elas ficarem felizes, além de ouvirem mais o disco.
Para Kell, a turnê que ela divide com Daniel é para celebrar a música brasileira. Fazer esta homenagem a Elis & Tom, segundo ela, traz uma mistura de sentimentos e deveres: é preciso entender, absorver, amar, se orgulhar e honrar o projeto, que considera atemporal. Além disso, ela adianta que existem canções clássicas da saudosa dupla que não fazem parte do disco mas estarão no show.
— É claro que o público também vai sentir muito a nossa identidade, que vem desse lugar do amor profundo que a gente tem por essa obra, pela música brasileira, por Elis, por Tom. Mas o que a gente pensou foi em manter todo o sentimento ali impresso, ainda mais para um álbum que é símbolo de perfeição. O que modificar? Eu acho que é mais dar a nossa cara, promover essa conexão e reconexão através do tempo — ressalta a artista.
A banda que acompanha a dupla na turnê é formada por Bruno Cunha, nos teclados e na direção musical, Tainan Santos Gabriel, no violoncelo, Bocato, no trombone, Edgard Teixeira na bateria, Edson Guidetti, na guitarra e no violão, e Benedito da Silva Filho, no baixo.
Daniel Jobim e Kell Smith em "Tributo a Elis & Tom"
- Neste sábado (9), às 21h, no Auditório Araújo Vianna (Av. Osvaldo Aranha, 685), em Porto Alegre. Abertura da casa: 19h30. Classificação: 16 anos.
- Ingressos a partir de R$ 100 (solidário, mediante doação de 1kg de alimento não perecível) ou R$ 180 (inteiro).
- Pontos de venda sem taxa: Loja Planeta Surf Bourbon Wallig (Av. Assis Brasil, 2.611), das 10h às 22h, somente em dinheiro; e bilheteria do Araújo Vianna, aberta somente duas horas antes do início dos shows. Ponto de venda com taxa: pela plataforma Sympla.
- Desconto de 50% para sócios do Clube do Assinante e acompanhante sobre o valor inteiro.