Se Slash tivesse ouvido os conselhos que lhe deram quando era jovem, ele não estaria subindo ao palco do Pepsi On Stage, na noite do próximo domingo (4). Mas ele seguiu em frente. Agora, o guitarrista volta a Porto Alegre com o projeto Slash Feat. Myles Kennedy & The Conspirators (SMKC). A abertura ficará por conta da banda Velvet Chains.
Será a sexta vez do instrumentista na capital gaúcha: ele veio três vezes em carreira solo (2012, 2015 e 2019) e duas com o Guns N' Roses (2016 e 2022). E o guitarrista preserva lembranças dessas visitas à cidade:
— Fiz alguns ótimos shows em Porto Alegre — recorda Slash em entrevista a GZH. — Na última vez que tocamos por aí, fizemos uma apresentação matadora. Tive bons momentos na cidade.
No palco, o guitarrista estará acompanhado de Myles Kennedy (vocalista), Brent Fitz (baterista), Todd Kerns (baixista) e Frank Sidoris (guitarra base). O projeto começou a ser montado em 2010, a partir do primeiro disco solo de Slash, que leva o nome do instrumentista. A banda anterior do guitarrista, Velvet Revolver, havia se separado dois anos antes.
Nesse álbum, Myles participou de duas músicas. A partir do próximo disco solo de Slash, Apocalyptic Love (2012), o projeto SMKC se consolidou. O vocalista, que também canta na banda Alter Bridge, assumiu de vez o microfone do grupo.
Desde o início, Slash percebeu que havia uma química com Myles. Ele ressalta que o vocalista é um cara tranquilo para lidar, que sempre traz excelentes complementos para as ideias que ele propõe.
— Se surjo com um riff que acho legal e não estou seguro de como funcionaria melodicamente para os vocais, ele sempre tem algo legal para encaixar, que eu nunca imaginaria — destaca.
O guitarrista acrescenta que Myles tem uma vigorosa presença de palco, o que se estende para o restante da banda. Também elogia Frank e Brent, mas aponta Todd como o mais ativo do grupo nas apresentações.
Slash e sua trupe voltam a Porto Alegre com a The River Is Rising - Rest of the World Tour '24, que abrange as músicas dos quatro álbuns lançados pelo projeto — Anastasia, Driving Rain, World On Fire, entre outras. Eventualmente, há espaço para covers como Rocket Man, de Elton John.
Always On The Run, de Lenny Kravitz (que foi composta em parceria com Slash), também costuma entrar no repertório. Eventualmente, algum cover de Guns pode rolar — no show que o grupo fez na Cidade do México, em 23 de janeiro, teve Don't Damn Me. No entanto, o foco da turnê é o SMKC. Perguntas sobre a banda com Axl Rose foram proibidas na entrevista, inclusive.
Ao vivo, cru e empolgado
Uma parte das apresentações da turnê tem girado em torno do álbum 4, lançado em 2022. Faixas como The River is Rising, Fill My World, April Fool e Spirit Love têm integrado o setlist dos shows.
Conforme Slash, 4 foi uma experiência bastante singular, um disco gravado ao vivo, com os integrantes tocando juntos, de uma vez. Era um sonho para o guitarrista gravar um álbum nesse molde, que era tão comum nos anos 1960 e 70.
— Nos preparamos para tocar como se fôssemos nos apresentar no palco e gravamos o álbum 100% ao vivo — descreve. — Então, há poucos overdubs (técnica de gravação que sobrepõe instrumentais ou vozes previamente registradas) nesse disco, o que o torna bastante único em comparação aos nossos trabalhos anteriores.
O quarto álbum do SMKC foi gravado em Nashville (EUA), com o produtor Dave Cobb — conhecido por trabalhar com artistas country, mas também com nomes como Greta Van Fleet e Lady Gaga. O resultado foi um disco de hard rock robusto, mais direto e cru. Aliás, Slash destaca que essa “crueza roqueira” é algo que se pode esperar de um show do grupo.
Entre as faixas de 4, há The Path Less Followed, que parece trazer conselhos para um jovem músico: “This life is insane (...) But through it all, the pain was worth it in the end” (livre tradução: “Essa vida é insana (...) Mas, apesar de tudo, a dor valeu a pena no final”). Perguntado sobre que conselho daria a ele mesmo quando estava começando sua trajetória, Slash respondeu:
— Se ouvisse a maioria dos conselhos que recebi no início da minha carreira, eu não seria músico. Me disseram para não tocar guitarra. Me orientaram a não seguir na indústria musical. E fui em frente. Fiz isso de qualquer maneira, o que funcionou. Mas lembro claramente do primeiro conselho que recebi: “Não toque guitarra, toque baixo ou bateria. Hoje em dia todo mundo toca guitarra! Não faça isso” (risos).
Depois que ignorou as advertências, além de fazer história com o Guns, Slash solou diante de nomes como Michael Jackson, Lemmy Kilmister, Ozzy Osbourne, enfim, a lista é extensa. Rodou o mundo. Aos 58 anos, ele segue com planos para o instrumento que toca desde a juventude.
Sem dar maiores detalhes, o músico adianta que deve lançar um novo projeto este ano, com colaborações e, possivelmente, uma nova parceria com Demi Lovato. No final de 2024, o guitarrista pretende começar a gravar o quinto disco com o SMKC. Segundo Slash, sua empolgação ainda é a maior possível quando o assunto é guitarra:
— Outro dia estava assistindo à TV e passou um trailer de um programa, não sei exatamente o quê. Mas nele havia uma guitarra, e fiquei tipo: "Nossa, olha só a guitarra!". Só prestava atenção nela. Naquele momento, percebi que eu ainda fico empolgado só por vislumbrar guitarra elétrica, ou até mesmo um violão. Ainda sinto aquele mesmo frio na barriga pelo instrumento.
Slash Feat. Myles Kennedy & The Conspirators
- Neste domingo (4), no Pepsi On Stage (Av. Severo Dullius, 1.995).
- Horário de abertura da casa: a partir das 19h.
- Classificação Etária: entrada e permanência de crianças/adolescentes de cinco a 15 anos, acompanhados dos pais ou responsáveis, e de 16 a 17 anos, desacompanhados dos pais ou responsáveis legais.
- Ingressos: a partir de R$ 340 (inteira).
- Ponto de venda online: pela site da Eventim.
- Ponto de venda físico (sem taxa de conveniência): bilheteria do portão 2 da Arena do Grêmio (Av. Padre Leopoldo Brentano, 110), das 10h às 17h, de terça a sábado. A bilheteria não tem funcionamento em feriados, emendas de feriados, dias de jogos ou em dias de eventos de outras empresas.