O cantor e ator mexicano Alfonso Herrera, um dos artistas mexicanos mais populares ao redor do mundo, astro de Sense8, da Netflix e, antes disso, da novela Rebelde e do grupo musical RBD, ambos produzidos pela emissora de TV mexicana Televisa, fez um forte desabafo na última semana, ao jornal El País.
Na ocasião, em uma entrevista de divulgação de seu novo projeto, o filme ¡Que Viva México!, Herrera falou sobre os abusos contratuais, explorações e injustiças que sofreu ao lado dos colegas Anahí, Christian Chávez, Christopher Uckermann, Dulce Maria e Maite Perroni. Recentemente, os cinco integrantes anunciaram uma turnê de retorno do grupo e divulgaram oito datas no Brasil.
Questionado sobre a decisão de não participar da turnê, que celebra 20 anos da banda, Poncho, como também é conhecido, reforçou que está feliz com os projetos atuais e que sua energia está direcionada a eles.
“Sei que (a turnê Soy Rebelde) será um sucesso enorme e não desejo outra coisa além de coisas boas a todos eles”, disse.
Sobre o auge da era RBD, por volta de 2005, ele recorda: “Foi difícil porque assinamos um contrato cedendo os direitos do personagem da novela, da imagem deles e de tudo que foi explorado em termos de merchandising. Não vimos um único centavo”, revelou ao jornal sobre a Televisa.
“Eu tinha 23 ou 24 anos e via a cara dos meus colegas em todos os lugares vendendo biscoitos, chicletes, sucos, cadernos, tênis, lápis e nada… A emissora de televisão dona desse projeto (Televisa) não foi justa e não é questão de dinheiro, tem a ver com a questão de trabalho. Fizemos um show no Coliseo de Los Angeles com 63 mil pessoas, por exemplo, e eles me pagaram 18 mil pesos por isso”. O equivalente, atualmente, a R$ 5 mil.
Ainda que seja contra a maneira com que a Televisa conduziu os direitos da novela e do grupo, Alfonso Herrera mantém relação com algumas pessoas da emissora. "Porque o entretenimento é assim”.
Na entrevista, ele também revelou que ama e respeita os colegas que decidiram retornar com o RBD. “Compartilhamos coisas que ninguém sabe e nós seis estivemos lá em momentos alegres e em tempos difíceis, como no Brasil (quando três pessoas morreram pisoteadas em uma sessão de autógrafos, em 2007).
“Até hoje tenho um pouco de medo quando vou a um lugar onde tem muita gente”, contou. “Estávamos sozinhos e nos apoiamos porque não tínhamos apoio psicológico para lidar com essa situação. Foi muito difícil. Anos depois voltamos ao Brasil, reencontramos os parentes e eu conheci o pai de uma das meninas que perdeu a vida. Aquele acontecimento me marcou de uma forma muito profunda e, por mais que eu tente dar a volta por cima, ele ainda está lá”.
Por fim, Alfonso Herrera disse que a única atividade que lhe interessa nesse momento é trabalhar em projetos que o emocionem, o entusiasmem e que o desafiem como ¡Que viva México!'.