Quando o Natiruts visitou Porto Alegre pela primeira vez, a banda ainda se chamava Nativus. Era a turnê do disco homônimo de estreia, de 1997, e o grupo brasiliense viajou até o Sul sem saber se o espaço que iam tocar era grande ou pequeno. Quando foram passar o som à tarde, o susto: a casa era maior do que imaginavam. Bateu um desespero, afinal, naquele começo de carreira, a perspectiva era realizar o show para alguns gatos pingados. Para surpresa dos músicos, o Auditório Araújo Vianna encheu naquela noite. Sucesso. A partir dali, criou-se uma relação sólida da banda com o público do RS.
Renovando os votos com os fãs da capital gaúcha, o Natiruts volta a se apresentar no Auditório Araújo Vianna neste sábado (8), a partir das 21h. É a segunda vez neste ano que o grupo de reggae faz show na casa — a primeira foi em janeiro. Mais uma vez, traz a turnê do disco Good Vibrations — Vol. 1, lançado em 2021.
Além das músicas novas, o Natiruts repassa seus mais de 25 anos de trajetória no palco, com hits que inundaram as rádios FMs do país nas últimas décadas — como Liberdade pra Dentro da Cabeça, Presente de um Beija-Flor, Deixa o Menino Jogar, Natiruts Reggae Power, Meu Reggae é Roots, Quero ser Feliz Também, Andei Só e Sorri, Sou Rei, entre outros petardos regueiros.
O baixista Luís Maurício, um dos fundadores da banda ao lado do vocalista e guitarrista Alexandre Carlo, pontua que o setlist recebe ajustes ao longo da turnê. Então, o show deste sábado deve ser diferente daquele de janeiro.
— Quando saímos para uma turnê, parece que a gente vai aprimorando o setlist — frisa o músico. — Sempre revisitamos os antigos sucessos, mas mesclando com coisas novas, o que é uma motivação para a gente. Artisticamente, é muito importante ter essa renovação no repertório.
As "coisas novas" que Luís Maurício se refere são as faixas do Good Vibrations — Vol. 1. Produzido durante a pandemia, o disco é o trabalho do Natiruts que conta com mais parcerias nas faixas. Também é um álbum trilíngue: pelo lado brasileiro, há Iza, Carlinhos Brown, Chico Brown, Melim, Planta & Raiz e Dja Luz; pelo lado hispanohablantes, há o espanhol Macaco, a atriz mexicana de origem indígena Yalitza Aparicio, a costa-riquenha Debi Nova e o porto-riquenho Pedro Capó. Por fim, cantando em inglês, há o jamaicano Ziggy Marley (filho de Bob) no single América Vibra.
— Foram artistas que a gente conversava, com quem temos carinho e admiração mútua. Fomos convidando um de cada vez e montando o disco. Foi assim com a Iza, que já gostava do nosso trabalho e cantava nossas músicas no show dela. Mesma coisa com Melim, sempre recebíamos vídeos deles tocando nossos sons — relata o baixista. — Era um sonho para a gente fazer uma música com um dos Marleys, ainda mais o Ziggy. Para a nossa felicidade, ele participou e gostou muito.
Luís admite que o título do disco, Good Vibration, possa ter soado contraditório por conta do período pandêmico que foi lançado. Conforme o músico, a banda sempre recebia um feedback grande dos fãs, como se as canções servissem também como ferramenta terapêutica, ajudando quem estivesse sem esperança.
— Pensamos em fazer um disco nesse intuito de passar um pouco de positividade para o pessoal naquele momento tão difícil — observa Luís. — Foi um disco bem variado, com muitas participações, e com esse propósito de levar esperança e um pouco de amor nesse período tão difícil que todo mundo viveu na pandemia.
O volume 2 de Good Vibration está previsto para ser lançado no começo do ano que vem. No momento, a banda tem entrado em estúdio para finalizar a segunda parte do trabalho entre uma viagem e outra. De acordo com Luís, o segundo dá prosseguimento para a identidade que o Natiruts desenvolveu, de músicas que têm o reggae como fio condutor, mas contando com influências brasileiras. O que deve diferir do primeiro volume, adianta o baixista, é que desta vez não haverá tantas participações.
Também em 2023 está nos planos o lançamento do documentário sobre a trajetória do Natiruts, que está sendo produzido há alguns anos. A direção é de Bruno Murtinho. Aliás, falando sobre trajetória, Luís afirma que a banda vive seu melhor momento. Com mais 25 anos de estrada, ele visualiza o grupo com carreira consolidada e com muita maturidade.
— Somos uma banda de palco. Construímos nossa carreira tanto no Brasil quanto no Exterior com os shows — avalia o músico. — Já aprendemos a lidar com sucesso, já estivemos na crista da onda e sabemos que tudo passa. Tanto quando você está lá em cima, quanto quando está numa fase com menos exposição e mais dificuldade, tudo isso vai passar. Hoje somos uma banda muito madura e consciente de nosso papel, do que representamos para a música brasileira e para o reggae nacional.
Então, segundo os integrantes, é o Natiruts em seu melhor momento que volta a Porto Alegre. Segundo Luís, desde aquele primeiro show no Araújo, lá nos anos 1990, a banda sente uma boa receptividade da capital gaúcha.
— Incrível como a galera do Sul gosta de reggae. Sempre sentimos Porto Alegre muito regueira — diz o baixista. — Quando viemos pela primeira vez, já havia a Produto Nacional, banda clássica. Portanto, havia um caminho de reggae trilhado. Viemos somente para somar com esse time.
Natiruts — Good Vibration
- Sábado (8), às 21h, no Auditório Araújo Vianna (Avenida Osvaldo Aranha, 685).
- Abertura da casa: 19h30min.
- Classificação: 16 anos.
- Ingressos: a partir de R$ 140 (solidário, mediante a doação de 1kg de alimento não perecível). Os alimentos deverão ser entregues no Auditório Araújo Vianna, no momento da entrada ao evento. Desconto de 50% para membros do Clube do Assinante RBS.
- Pontos de venda: Loja Planeta Surf Bourbon Wallig (Av. Assis Brasil, 2.611 – Loja 249) das 10h às 22h, sem cobrança de taxa. Ou pelo site da Sympla, com taxa.