Após seis anos desde a primeira vinda, o Maroon 5 voltou a seduzir e esbanjar hits em Porto Alegre. Em sua segunda visita à capital gaúcha, a banda californiana se apresentou novamente na área externa da Fiergs, na noite desta quarta-feira (6), diante de um público de 18 mil pessoas — conforme informou a Live Nation, produtora do evento. O grupo subiu ao palco às 21h45min para pouco mais de uma hora e meia de show.
Logo de cara, a banda presenteou os fãs com dois de seus maiores diamantes: Moves Like Jagger e This Love. A música homenageando Mick Jagger, som que estava no relançamento de 2011 do disco Hands All Over, é dançante, alegre e assobiável — era também um hit como toque de chamada de celular, lembra? —, fazendo o público pular e cantar já na abertura.
Em seguida, foi a vez da contagiante This Love, que é o primeiro grande êxito da banda. A faixa integra o disco Songs About Jane, de 2002, mas só foi explodir nas paradas dois anos depois. Foi a hora de uma parte considerável do público lembrar de tempos mais simples, de quando as preocupações se resumiam às notas da escola e se o crush entenderia a indireta no MSN, ao cantar o refrão: “This love has taken its toll on me/ She said goodbye too many times before/ And her heart is breaking in front of me/ I have no choice cause I won't say goodbye anymore”. Na parte final da música, o vocalista, Adam Levine, pegou uma guitarra para fazer um solo em cima da passarela, que ia até metade da pista.
Já no começo deu para perceber uma cena que seria constante ao longo da apresentação: bastava um sorriso ou uma remexida de quadris de Levine que as fãs iam à loucura, com palmas e gritos histéricos. Ciente do efeito que causava, Levine agia para conquistar as admiradoras, como se fosse o ator Marcos Oliver seduzindo uma casada no Teste de Fidelidade. Até uivar, o vocalista uivou — e em mais de uma ocasião (é preciso frisar que nesses momentos ele lembrava Frank Aguiar, o cãozinho dos teclados).
Experiente, o cantor demonstrou amplo domínio do palco e boa performance vocal. Não é por acaso que o Maroon 5 se mantém um sucesso comercial há tanto tempo. A cozinha realizada pelos instrumentistas também é contundente.
No entanto, o show seguia com quase nenhuma comunicação de Levine, tirando uivos e algumas frases soltas. Era hit atrás de hit, é verdade, mas parecia que a banda queria terminar logo seu trabalho e partir para o aeroporto.
Só após a décima faixa tocada no show, Harder to Breathe, que o vocalista cumprimentou o público em inglês:
— Boa noite, como vocês estão? Desculpa, eu não sei falar português.
A partir daqui, ele passou a ser mais interativo. Na hora de interpretar a radiofônica Payphone, Levine foi até a ponta da passarela, acompanhado de dois integrantes com violões, e interpretou uma versão acústica da canção, saciando os fãs na Fiergs. Antes disso, o vocalista aplicou uma tática de sedutor ao contar um "segredo", que ele jurou não repetir nos outros países:
— De todos os lugares que já tocamos, o público brasileiro é o melhor.
No repertório, Maroon 5 foi passando a limpo sua trajetória, com foco maior nos lançamentos de 2012 para cá – a partir do quarto disco, Overexposed. Então, desse período, rolou One More Night, Maps, Don't Wanna Know, Animals, Wait, Maps, Cold e Girls Like You, além de Payphone. Do disco Jordi (2021), trabalho mais recente da banda, foram apresentadas faixas como Beautiful Mistakes e Lost. Entre os clássicos dos anos 2000, a banda resgatou Sunday Morning, Makes Me Wonder e Harder to Breathe.
O grupo voltou ao palco para o bis com Love Somebody. Em seguida, foi a vez da grudenta Memories, do último disco. A balada She Will Be Loved, penúltima música do show, promoveu a nostalgia na Fiergs. Alguns fãs devem ter se lembrado das vezes que ouviam essa no discman ou no Windows Media Player, enquanto liam a revista Capricho. Boa parte da canção foi acústica — Levine foi até a passarela com o guitarrista James Valentine, que empunhava o violão —, com o grupo todo entrando no final.
Aliás, durante She Will Be Loved, Levine discursou agradecendo aos fãs:
— Fazemos isso por exatos 20 anos, desde o lançamento de nosso primeiro álbum em 2002. Muitos de vocês nem tinham nascido! Há fãs de diferentes gerações aqui, e isso nos deixa fascinados. Só podemos dizer obrigado pelo máximo de vezes possível. Nós amamos vocês mais do que imaginam. Obrigado por estarem aqui!
Por fim, Maroon 5 se despediu de Porto Alegre com a divertida Sugar, do disco V (2015). Aqui, Levine executou sua última tática de sedutor: ele tirou a camisa, causando histeria nas fãs. O grupo encerrou o show com energia e, o principal, com o público na palma da mão.