A Polícia Civil de Caratinga, Minas Gerais, encontrou um cabo enrolado em uma das hélices do avião que caiu e matou Marília Mendonça e outras quatro pessoas na última sexta-feira (5). Ao g1, o delegado Ivan Sales disse que ainda não é possível concluir que esse é o fio de transmissão de energia elétrica com o qual a aeronave teria colidido antes da queda.
— É fato de que tem um cabo enrolado na hélice. Agora, a gente só vai poder afirmar que esse cabo é o cabo que se rompeu quando a perícia tiver o laudo pericial — explicou.
Ainda na sexta, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) comunicou que a aeronave atingiu um cabo de uma torre de distribuição da empresa antes do acidente. As informações confirmam relatos de pilotos que sobrevoaram a região e de testemunhas de que o avião "rasgou" os fios de alta tensão ligados a uma torre próxima ao local. A colisão deixou cerca de 33 mil pessoas sem energia elétrica naquele dia.
Na segunda-feira (8), a polícia terminou de recolher os materiais periciais do avião, que caiu em uma cachoeira na zona rural da cidade. Os destroços serão enviados ao Rio de Janeiro, onde serão analisados pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).
Já os dois motores da aeronave irão para Sorocaba, em São Paulo. Uma das peças teria se soltado da aeronave logo após a colisão com os fios e foi encontrada em uma área de mata fechada. A outra ficou submersa na cachoeira.
— Quando o avião caiu, um dos motores rolou pela cachoeira abaixo. Mas choveu no local e o nível da cachoeira encheu, dificultando os trabalhos — explicou o dono da empresa de guincho que trabalhou no resgate dos motores.
A Polícia Civil informou que ainda não há um prazo para encerrar as apurações de eventual responsabilidade criminal.
— A investigação procede com os laudos periciais, com oitivas de eventuais testemunhas e arrecadação de documentos. É importante ressaltar que a Polícia Civil quer dar uma resposta célere, mas uma resposta célere não significa uma resposta rápida. Uma resposta célere é a resposta mais técnica, no menor tempo possível — afirmou o delegado Ivan.
O acidente
Marília Mendonça saiu de Goiânia, em Goiás, para se apresentar em Caratinga, no interior de Minas Gerais, quando o avião em que viajava com a equipe caiu, por volta das 15h de sexta-feira.
Na aeronave, um bimotor que fazia táxi aéreo, além de Marília e seu tio e assessor, Abicieli Silveira Dias Filho, estavam o produtor Henrique Ribeiro, o piloto Geraldo Martins de Medeiros Júnior e o copiloto Tarciso Pessoa Viana.
De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a aeronave era da empresa PEC Táxi Aéreo, modelo C90A e fabricada em 1984. Sua situação de aeronavegabilidade (condições para voo) era "normal" e o certificado foi emitido ainda em agosto do ano passado.