Após anunciar aposentadoria da música no final de semana, a cantora Sinead O'Connor, 54 anos, voltou atrás em sua decisão. Em uma nova publicação nas redes sociais, a artista afirmou que mudou seus planos.
"Boas notícias. F*da-se a aposentadoria. Retiro o que eu disse. Não estou me aposentado. Eu estava temporariamente permitindo que f*dessem a minha cabeça", escreveu no Twitter.
A postagem traz ainda três imagens de uma carta de Sinead, na qual ela explica que seu anúncio inicial foi uma "reação instintiva" a algumas entrevistas concedidas a veículos do Reino Unido que desrespeitaram seus pedidos para não abordar determinados traumas de sua vida.
"Eu disse que estava me aposentando. Como eu disse muitas vezes antes, em reações automáticas quando eu era jovem e fui alvo de abusos na mídia, alegando que sou legalmente vulnerável. O maior equívoco (sempre me perguntam isso, mas nunca respondo) de 'Sinead O'Connor' é que ela é uma amazona. Eu não sou. Sou uma mulher de 1,64 metro com coração mole e que, na verdade, é muito frágil", escreveu a artista.
Em seguida, ela falou sobre entrevistas que concedeu para o lançamento de seu livro, Rememberings. "Todos os entrevistadores foram convidados a ser sensíveis e não perguntar sobre abuso infantil ou cavar fundo em merdas dolorosas sobre saúde mental, o que seria traumatizante para mim ter que pensar", relatou.
Conforme ela, o caso que mais a incomodou ocorreu na semana passada, durante participação no programa Woman's Hour, da BBC, que foi classificado por ela como "extremamente ofensivo e até misógino". A entrevista recuperou um comentário chamando Sinead de "a louca do sótão do pop" e questionou o fato de artista ter filhos com pais diferentes. "Eu me senti como eu me sentia há 30 anos e por 30 anos. Senti que eu estaria melhor (mais segura) se eu fugisse e abandonasse completamente a música", contou.
Procurada pelo The Guardian, a BBC disse que "durante uma entrevista sobre seu novo livro, Sinead O'Connor estava falando sobre sua saúde mental e foi questionada sobre o que ela achou de um comentário de um crítico musical que revisou seu livro nos últimos dias".
Ainda na carta, Sinead afirma que ama fazer música, mas não gosta "das consequências de ser uma mulher talentosa (e franca)" e ter que "vencer os preconceitos todos os dias para ganhar a vida". "Quando as pessoas me ridicularizam, me invalidam, me desrespeitam ou abusam de mim, eu sofro de efeitos de longo prazo das violências físicas e psicológicas com as quais eu cresci. Toda vez que eu vou vender uma música, um show ou um livro, é um gatilho para mim. Eu volto para essa criança ferida. Ou essa jovem mulher tratada terrivelmente. E o meu trabalho se torna algo que me aterroriza", acrescentou.
A cantora também disse que manterá todos os shows atualmente agendados para 2022, pedindo desculpas aos fãs e trabalhadores da indústria "pelo susto". "Menti quando disse que já passei do meu auge", acrescentou ela. "Eu não vou me aposentar. Vou continuar sendo fabulosa", finalizou.