Lá se foi a 25ª edição do Planeta Atlântida, que ocorreu no sábado (1°) e na sexta-feira (31). O festival refletiu, mais uma vez, as tendências musicais e da moda do ano em que é realizado. Se, por exemplo, em 1996 era um evento restrito ao rock (Titãs, Maria do Relento, Mamonas Assassinas, Charly Garcia, entre outros), agora é um Planeta com atrações mais diluídas musicalmente. Que prega pela diversidade.
Entre suas 25 ocasiões, o festival viu surgir e desaparecer artistas e tendências. Já foi o palco do rock do Charlie Brown Jr., do axé da Banda Eva, Banda Beijo e Terra Samba, de uma das últimas apresentações de Tim Maia, do punk rock da Tequila Baby com Marky Ramone, do pagode universitário da Inimigos da HP, do emocore do NX Zero.
O público do Planeta já vestiu munhequeira quadriculada, bandanas, cinto de rebite, jeans cintura baixa, boné com telinha, chapéu fedora e vestido hippie. Teve também piercing no umbigo, topete descolorido, cabelo curto, comprido ou com franja tapando os olhos.
Em 2020, entre as mais de 75 mil pessoas que passaram pelo evento, havia meninas usando tons de rosa, amarelo, verde e laranja neon, seja em tops ou blusas, e homens com bolsas e camisas estampadas. Musicalmente, as atrações foram de tudo um pouco: do velho e resistente rock ao novíssimo e acelerado funk 150 bpm.
Foi o Planeta do trap (subgênero do rap que insere elementos eletrônicos, batidas arrastadas e efeitos de voz). Nomes do estilo como Sidoka e Matuê fizeram o público pular em rodas de pogo em um ritmo que, aos poucos, arrebata mais espaço.
Foi o Planeta do funk. Além de ser o Planeta Beat (palco dedicado ao gênero no sábado) e da festa promovida pelo Dennis DJ, houve a estreia do malicioso Kevinho, com um show dançante e animado. Mas, sobretudo, outro derivado do funk tomou conta do festival.
Foi o Planeta do funk 150 bpm. Kevin o Chris, principal artista da vertente acelerada do estilo, realizou um show intenso no festival. Kevin é cria do Baile da Gaiola, festa realizada no Complexo da Penha, no Rio. Comandado pelo DJ Rennan da Penha, foi esse baile que catapultou o funk 150 bpm. Essa tendência pôde ser conferida no show de Anitta, que aumentou a velocidade de seus funks na apresentação deste ano.
Foi o Planeta das divas pop. Além da já consagrada Anitta, maior nome do pop brasileiro da atualidade, foi o show de estreia de Luísa Sonza. A cantora gaúcha mais ouvida no país se emocionou durante sua performance por estar presente no festival. Depois, dividiu o palco com Luan Santana e fez show surpresa no espaço de ativações da Coca-Cola, uma das patrocinadoras do evento. Em seu segundo Planeta e em ascensão, IZA fez um show triunfante e empolgado.
Foi o Planeta do pop "good vibes". Em comum, essas atrações apresentam músicas ensolaradas e praieiras, geralmente amparadas por bases de violão. Entram aí nomes como Vitor Kley, Lagum, Melim, Gabriel Elias e Vitão. Também foi Planeta do rap acústico, com Poesia Acústica e 3030.
Foi o Planeta do sertanejo. Teve Gusttavo Lima, que fez cosplay de gaúcho e surgiu pilchado, e Luan Santana de volta com seu tradicional romantismo.
Foi o Planeta dos DJs com Alok, Don Diablo e Kvsh, que fizeram o público pular e dançar madrugada adentro. Foi o Planeta do reggae do Natiruts, e do pagode de Dilsinho.
Ainda é o Planeta do rock: Nenhuma de Nós, Fresno e Raimundos estiveram presentes. O show Dado & Bonfá tocam Legião Urbana encantou adolescentes e adultos e deu um gostinho do que poderia ter sido a apresentação de uma das maiores bandas da história do rock brasileiro no festival. Que venham os próximos Planetas com suas tendências ou resgates.