Com mais de 50 anos de carreira, Marco Aurélio Vasconcellos lança nesta terça-feira (02) o álbum Além das Cercas de Pedra, parceria com o poeta Martim César e o músico Marcello Caminha. Além de apresentar novas composições, o cantor aproveitará a noite para rever sucessos que o projetaram nos festivais regionais.
Será a oportunidade de o público ouvir novamente Marco Aurélio cantar melodias que marcaram a história da música nativista. Em parceria com o escritor Luiz Coronel, assinou faixas que se destacaram em diferentes edições da Califórnia da Canção Nativa de Uruguaiana, como Gaudêncio Sete Luas, Ascensão e Queda de um Ginete, Cordas de Espinho e Guitarreio para um Guitarrista – as quatro composições estarão no repertório de nesta terça à noite.
Luiz Coronel, aliás, foi o responsável por transformar o urbano Marco Aurélio em um ícone da música regional. Depois de ouvir uma composição do músico se destacar em um festival de música popular de Caxias do Sul, no início de 1972, convidou-o para musicar uma letra sua.
– Um dia, cheguei em casa e havia embaixo na minha porta uma letra do Luiz Coronel e um bilhete me convidando para participar da Califórnia. Não conhecia o festival. Eu era um músico interessado em samba, em bossa nova e coisas do gênero. Achei que era um convite para ir à Califórnia de São Francisco, nos Estados Unidos – ri Marco Aurélio.
A letra deixada por Coronel era Gaudêncio Sete Luas, que ganhou o segundo lugar no festival de Uruguaiana daquele ano com a melodia de Marco Aurélio.
– Eu não sabia o que era nativismo. O Coronel me disse para comprar o disco da primeira edição da Califórnia, que havia ocorrido no ano anterior. Ouvi aquilo, mas nada me tocou. Não sabia o que fazer. Então, criei uma milonga estilizada, que acabou caindo no gosto popular – lembra o compositor.
O músico começou a circular pela cena nativista em 1972, mas já frequentava festivais de música desde 1969. Conhecido como compositor, fazia vocais de apoio nas apresentações e só passou a se considerar um cantor em 1977, quando o intérprete que defenderia uma de suas composições na Califórnia não pôde comparecer.
– O cantor não pôde ir. Então encarei o microfone. No ano seguinte, cantei Pássaro Perdido, parceria com Gilberto Carvalho. Saímos de lá com o prêmio máximo, a Calhandra de Ouro – recorda Marco Aurélio.
Desde 2011, Marco Aurélio vem desenvolvendo uma parceria com Martim César. Eles assinam juntos os álbuns Já se Vieram (2011) e 12 Cantos Ibéricos (2017, vencedor do Prêmio Açorianos de melhor disco regional em 2018). Em Além das Cercas de Pedra, o violonista Marcello Caminha complementa o grupo. As fotos da capa e do encarte do CD são de Elis Vasconcellos.
– Marcello vem dando a identidade da nossa música desde Já se Vieram, pois tem trabalhado com a gente ao longo de todo esse tempo – explica Martim.
Com 49 anos de idade, Martim conta que as músicas do álbum refletem a trajetória de compositor de Cordas de Espinho:
– Para nossa geração, Marco Aurélio sempre foi um ídolo. Esse disco é o resgate do estilo de música que ele ajudou a criar, ao lado de Mario Barbará, Cesar Passarinho e outros tantos.
Marco Aurélio avalia que a música regional conta atualmente com músicos muito qualificados, mas lamenta a falta de mais letristas como Martim:
– A qualidade literária das canções caiu muito. O pessoal está muito voltado para o cavalo xucro e o touro bravo, mas tem tanta coisa para abordar além disso. O Martim escreve sobre tudo o que gosto de tratar. Fala do êxodo rural, das questões sociais. A gente se afina muito por essa abordagem.
Além da presença de Marco Aurélio e de Marcello Caminha, o palco do Theatro São Pedro contará com os músicos Marcello Caminha Filho (baixo) e Matheus Kleber (piano). Haverá também participação especial d'Os Posteiros, com Celso Campos, Francisco Koller, Miguel Castilhos e Alejandro Brittes.
Além das Cercas de Pedra
Nesta terça-feira, às 21h.
Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/ n°), em Porto Alegre.
O show: Marco Aurélio Vasconcellos, Martim César e Marcello Caminha lançam álbum de canções inéditas e relembram sucessos de Vasconcellos.
Ingressos: R$ 50 (plateia e cadeira extra), R$ 40 (camarote central e lateral) e R$ 30 (galerias).
À venda na bilheteria do local, a partir das 13h, ou no site teatrosaopedro.com.br.
Preste atenção: o CD “Além das Cercas de Pedra” (regional, independente, 14 faixas) estará à venda na hora, por R$ 30.