Depois de três discos dedicados ao rock, gênero que o consagrou nos anos 60 e 70, Erasmo Carlos é só amor no seu mais recente trabalho, Amor é Isso, que serve de base para o show que apresenta neste sábado (20), no Teatro do Bourbon Country.
No espetáculo, o Tremendão, 77 anos, apresenta faixas inéditas, como Termos e Condições (parceria com Emicida), além de fazer uma versão de New Love, lançada originalmente em inglês, por Tim Maia, em 1963, e mais grandes clássicos de sua carreira, como Sentado à Beira do Caminho e Mesmo que Seja Eu.
Em entrevista por telefone, o cantor e compositor fala sobre o show, sua relação com Porto Alegre e, é claro, sobre o amor.
Depois de uma trilogia dedicada ao rock, o Tremendão está de volta ao romantismo?
A intenção desse disco, e do show, foi exaltar o amor, o conceito do disco é o amor, na sua forma mais completa, aquele amor grandão, infinitamente elástico, que encampa todos os outros “amorinhos”. Amor pelos pais, pela pessoa amada, pelos objetos, pela natureza, por Deus. Sempre cabe mais um amor.
No disco, você apresenta faixas inéditas e poemas musicados (o álbum surgiu da seleção de 111 poemas que Erasmo escreveu para a esposa, Fernanda). Como foi a experiência?
Foi uma experiência inédita e muito boa. Pela primeira vez, fiz poemas musicados, que eu havia composto para a minha mulher (Fernanda), durante sete anos. Para fazer os poemas, pedi ajuda a amigos que entendem disso, como Adriana (Calcanhotto) e Arnaldo (Antunes). Além disso, conheci muita gente boa durante o processo de gravação do disco, como o Emicida.
Deve ter rolado uma troca curiosa com o Emicida, não?
Fiquei impressionado com a contemporaneidade dele. Ele sabe muito sobre todos os assuntos, está ligado em tudo, como eu. O assunto flui, nos identificamos. Além da faixa Termos e Condições, fizemos outra (Abre Alas do Verão), que a Gal Costa gravou.
Com mais de 50 anos de carreira, você segue produzindo material inédito, não se acomodou com os inúmeros sucessos...
Eu gosto de coisas novas, porque eu vivo o agora, o hoje. O que passou, passou. A Jovem Guarda foi muito bonita, um período maravilhoso da minha vida, mas passou. Convivo com as pessoas hoje, gosto de coisas e músicas inéditas.
Com tanto tempo de carreira e um repertório tão extenso, como conciliar novas canções e clássicos em um show?
Cara, show é uma loucura, é difícil ir por um caminho só. Minha vida artística é longa, tem várias fases, mas as pessoas gostam de ouvir algumas canções específicas. Quando eu vou a um show dos Rolling Stones, por exemplo, quero ouvir Satisfaction, mesmo que eles estejam divulgando um trabalho inédito. Eu raciocino assim comigo, também. No meu show, as pessoas querem ouvir Sentado à Beira do Caminho. O show é um misto da minha vida, músicas novas com canções antigas.
Mesmo que seu disco recente seja mais romântico, você é reconhecido como um cara roqueiro, pilar de vários movimentos importantes do país. Como vê isso?
Bicho, eu procuro manter o que eu gosto, fazer o que eu gosto. Tem gente que diz que isso ou aquilo é datado, que passou. O que é bonito fica para sempre.
E suas lembranças de Porto Alegre, quais são? Como é sua relação com o público gaúcho?
Porto Alegre sempre me recebeu muito bem, desde a primeira vez em que fui aí. Aliás, o primeiro show que fiz aí eu ainda nem era Erasmo Carlos solo. Foi durante a inauguração da TV Piratini (em 1959), quando eu ainda integrava o grupo The Snakes.
Erasmo Carlos: Amor é Isso
Sábado (20), a partir das 21h, no Teatro do Bourbon Country (Túlio de Rose, 80). Ingressos à venda por R$ 100 (galeria mezanino), R$ 140 (galeria alta e mezanino) e R$ 200 (camarote), com 50% de desconto para sócios do Clube do Assinante RBS (limitado a 100 ingressos, somente no local). À venda na bilheteria do local, das 13h às 21h, nas bilheterias do Teatro Feevale (RS-239, 2.755, em Novo Hamburgo, das 9h às 13h e em uhuu.com.