Música urbana e de origem popular do Rio de Janeiro do século 19, o choro vive um momento especial na Porto Alegre de 2019. Depois de a tradicional Oficina de Choro migrar para o Instituto Ling e para o Theatro São Pedro e angariar cerca de 400 alunos, o projeto O Choro É Livre – seminal evento em celebração ao gênero que era realizado na Capital durante a década de 1980 – retorna nesta quarta-feira (1º), às 21h, ao Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/nº), com oito apresentações até dezembro e uma série de homenagens. Os ingressos para hoje custam R$ 30 e podem ser comprados na bilheteria do teatro ou pelo site.
Iniciativa do produtor Carlos Branco, diretor da Branco Produções, em parceria com o Theatro São Pedro e apoio do Instituto Ling, O Choro É Livre retoma os festivais do gênero em Porto Alegre, com a intenção de dar um palco a uma nova geração de instrumentistas dedicados ao ritmo. Muitos deles são oriundos das Oficinas de Choro realizadas há mais de 15 anos na Capital, que, devido ao sucesso e à longevidade, deram origem à Orquestra de Choro de Porto Alegre (OCPA), primeira formação do tipo na cidade, que estreia na apresentação de hoje. Entre os integrantes, há alunos das oficinas, além de músicos da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa) e da Banda Municipal de Porto Alegre.
– Esse projeto era superlegal porque dava espaço para uma nova geração que surgia e tocava ao lado do pessoal da antiga. Hoje, novamente vemos uma nova geração surgindo – avalia Branco.
Evento é o primeiro de uma série
Além da estreia da OCPA, o Theatro São Pedro (que, devido à alta procura de alunos das oficinas no Instituto Ling, abriga uma das turmas em sua Sala de Música) receberá hoje apresentações de Grupo Sexteto Gaúcho, Mathias 7 Cordas, Grupo Naquele Tempo, Regional Plauto Cruz, Nani Medeiros, Choro das Gurias e Elias Barboza Quinteto, alguns dos nomes mais relevantes da cena atual gaúcha, muitos deles formados nas aulas ministradas por Mathias Pinto – que toca violão sete cordas no Sexteto Gaúcho.
O evento é o primeiro de uma série de datas dedicadas ao choro no teatro: a partir de junho, o projeto O Choro É Livre realizará apresentações mensais no Foyer Nobre do Theatro São Pedro, sempre com entrada franca. Uma iniciativa que, de acordo com Branco, pode ajudar a traçar um panorama da evolução do gênero musical nos últimos anos:
– Se você analisar discos de artistas como Elias Barbosa, Hamilton de Holanda, João Camarero, eles estão inovando muito. É um ritmo que passa a ideia de que se mantém puro, por causa do formato da maioria dos conjuntos, mas estão surgindo inovações complexas, de muito virtuosismo e criatividade – avalia.
Para Mathias Pinto, coordenador da Oficina de Choro e diretor-artístico da OCPA, a profusão de eventos do tipo se deve ao interesse crescente – e até impressionante – do público porto-alegrense. Havia receio entre os organizadores dos eventos ligados ao choro em Porto Alegre de que, com a mudança do Farol Santander (antigo Santander Cultural, onde eram realizadas as atividades) para o Instituto Ling, houvesse desmobilização dos apreciadores – mas que nada:
– Tivemos que criar lista de espera para as oficinas. Para nós também é uma surpresa o crescimento do projeto, hoje um dos maiores do país em música popular. Os desafios são grandes, mas estamos com muitos planos. Público para isso vimos que existe – vislumbra o coordenador.