Solitário. O adjetivo, que serve para descrever a maneira com que Ed Sheeran se apresenta em seus shows, pouco tem a ver com o ambiente que o cantor inglês encontrou em Porto Alegre, na noite deste domingo (17), quando comemorou seu aniversário de 28 anos com uma apresentação para 40 mil pessoas, que o receberam com balões coloridos e muita euforia na Arena do Grêmio.
Se, no palco, o cantor tem apenas a companhia de um violão e de seus pedais, com que grava, sincroniza e repete diferentes camadas de som – como uma verdadeira "banda de um homem só” –, na Arena Sheeran ouviu um Parabéns pra Você cantado em uníssono por uma multidão.
Uma recepção e tanto para o britânico que, apesar de já ter vindo duas vezes ao Brasil, estreava em Porto Alegre.
As três apresentações da noite começaram no horário previsto. Às 19h, o gaúcho Tuca começou o aquecimento, tocando suas baladas roqueiras ao violão. Em seguida, às 19h45min, Passanger (pseudônimo de Michael David Rosenberg) manteve o clima de celebração folk. Seu hit, Let Her Go, foi recebido com ovação pelo público, que cantou junto, já ansioso pela grande atração da noite, que viria logo mais.
Calejado apesar da pouca idade, Sheeran mostrou por que é um dos grandes artistas pop da atualidade – a abertura do show ficou a cargo de Castle on The Hill, que já deu o clima do que seria o restante da apresentação: muito carisma, apesar da pouca interação com a plateia, e energia na interpretação de seus maiores hits.
O traquejo com os pedais de efeitos e loops é uma atração à parte, assim como os efeitos visuais. Com telões atrás, aos lados e acima, Sheeran divide o palco com projeções de imagens, cores e efeitos. Ao fim da primeira música, o cantor agradeceu:
— Hoje é meu aniversário, obrigado por estarem aqui. Fico feliz em comemorar com vocês — disse, sorrindo, antes de emendar o pop Eraser, num setlist que seguiu mais ou menos o que vem tocando em sua turnê brasileira.
Antes da balada The A Team, Sheeran voltou a falar rapidamente com o público, em inglês:
— Têm músicas neste show que eu toco há 10 anos. São as mesmas que tocava em bares para meia dúzia de pessoas, e agora estou tocando para 50 mil. É muito louco — disse.
Foi o primeiro momento em que casais começaram a se abraçar e cantar juntos. Nos shows de São Paulo, realizados no Allianz Parque na quarta e na quinta-feira, Ed Sheeran já havia brincado:
— Nos meus shows, sempre têm 2% que não queriam estar aqui. São os namorados das garotas que insistiram para vir.
Em Porto Alegre, eram mesmo muitos casais. Enquanto o Grêmio jogava contra o Brasil pelo Gauchão em Pelotas, o comerciante Abel Correa, 43 anos, estava na Arena tricolor com a esposa Joice Correa, 28 anos. Ela se apressou em confidenciar:
— Ele nem sabe quem é Ed Sheeran.
— É verdade, faço parte desses 2%. Mas vim curtir com ela — confirmou o marido.
Um dos momentos de maior sintonia do músico com a Arena foi antes de Don't. Sheeran aproveitou para explicar como usava seus pedais e pediu para o público acompanhá-lo com palmas. Ao ouvir um parabéns cantado em inglês, pediu que os gaúchos gritassem o mais alto que conseguissem:
— É meu aniversário, então quero que vocês percam a voz por mim. Vou acabar o show sem voz.
Love Yourself, composição sua gravada por Justin Bieber, empolgaria ainda mais a plateia, assim como os sucessos Photograph e Shape of You, esta já no bis.
Ao final da apresentação, o cantor não ficou sem voz, mas muitas das milhares de pessoas que foram à Arena devem acordar nesta segunda-feira (18) afônicas por causa do aniversário de 28 anos de um britânico ruivo com jeitão tímido.