Antes dos fogos de artifício anunciarem a chegada de 2018, já se sabia que Porto Alegre teria um calendário gordo de shows internacionais no ano vindouro. Estavam confirmados à época nomes aclamados da música mundial, atrações de encher estádio, como Katy Perry, Foo Fighters, Phil Collins e Roger Waters. Para 2019, porém, o movimento é mais lento em comparação com o ano que já é passado.
Até o momento, a atração internacional de maior peso confirmada para a capital gaúcha na temporada é Ed Sheeran, dia 17 de fevereiro, na Arena do Grêmio. Autor de sucessos como Shape of You e Thinking Out Loud, o cantor britânico vem ao Estado com a turnê do álbum Divide, que foi a que mais faturou em 2018, com quase 5 milhões de ingressos vendidos e uma arrecadação de US$ 432 milhões.
Com exceção de Sheeran, as outras atrações internacionais confirmadas atendem mais a nichos: Slash – guitarrista do Guns N' Roses, que volta à cidade acompanhado pelo vocalista Myles Kennedy e a banda The Conspirators –, Saxon, Black Label Society e Phil Anselmo & The Illegals podem atrair os fãs de rock pesado; enquanto The Internet, Aurora e Courtney Barnett se aproximam de um público mais identificado com vertentes alternativas da música pop. Não são exatamente nomes para estádios ou ginásios lotados. É como se o freio de mão tivesse sido puxado para a realização de grandes espetáculos em Porto Alegre.
Conforme Gabriel Souza, sócio-diretor da Opinião Produtora, a expectativa não é muito boa por conta da alta do dólar (próximo dos R$ 4).
– Estamos nos movimentando. Temos alguns shows marcados, coisas bem pontuais. Mas não dá para se aventurar muito. Tivemos em 2018 algumas experiências de shows internacionais que não foram legais, muito em função do que aconteceu com o dólar. Qualquer show fica extremamente caro. Temos algumas coisas que estamos conversando e especulando, mas tudo é friamente calculado agora – explica Gabriel.
Carlos Branco, diretor da Branco Produções, também aponta a oscilação da moeda americana como dificuldade. Em função da economia, ele diz que 2018 foi um ano um pouco mais difícil para a produtora:
– Trouxemos poucos shows internacionais. A venda de ingressos ficou um pouco abaixo em comparação com os anos interiores.
Porto Alegre segue na rota dos artistas
Para Branco, o momento é de esperar o comportamento do mercado e agir com cautela:
– Estamos na expectativa de ver como a economia vai se comportar com as mudanças de governo, para ver no que vamos investir em 2019. No momento, nossa perspectiva não é investir muito em shows internacionais, vamos aguardar um pouco e trabalhar mais com projetos, como o Pianíssimo de Joinville e o Poa Jazz Festival.
Por outro lado, Carlos Konrath, presidente da Opus Promoções, acredita que 2019 será melhor que o ano passado quanto a vinda de shows internacionais a Porto Alegre.
– Acho que é um ano de retomada. Todos os fatores que influenciavam a preocupação, como a Copa do Mundo e as eleições, não estão mais no radar. O dólar atrapalha? Atrapalha, mas atinge também a economia como um todo, não só o entretenimento. Não acredito que seja esse por si só seja o problema dessa engrenagem.
Mesmo que até agora não haja tantos nomes de estádio na lista de shows internacionais em Porto Alegre, Konrath se mantém otimista.
– Imagino que a gente esteja um pouco atrasado, mas acho que teremos um volume grande atrações internacionais. O que levou 2018 a ter grandes atrações foi que as contratações se dão com um prazo grande. O cenário que tivemos nesse ano foi plantado em 2016 e 2017. Já 2019 colhe um pouco desse cenário ruim de 2018, mas acho que vai chegar lá empatado ou na frente. É prematuro achar que 2019 não será um bom ano. Acho que será excelente. Nós temos sete ou oito atrações internacionais previstas em negociação.
Lucas Giacomolli, sócio da Hits Entretenimento, também mantém o tom otimista e acredita que 2019 ainda será de bastante shows. Para o empresário, a dificuldade pode ser a falta de novos produtos.
– Em 2019, temos o Rock In Rio, o que nos possibilita uma série de artistas estarem no Brasil em turnê. Será um ano com muitos shows internacionais, mas o nosso maior desafio é encontrar atrações inéditas para Porto Alegre, ou que não venham há muito tempo. A Capital se tornou a segunda ou terceira opção de cidade para sediar grandes shows, depois de São Paulo e Rio. Então, quase todos grandes artistas já vieram. Esse é nosso maior desafio para 2019 e para os anos seguintes – avalia Giacomolli.