Durante apresentação no renomado festival inglês de Reading, em 1992, a banda L7 estava passando por dificuldades técnicas com o som no palco. A situação não era das melhores e, impaciente, o público começou a arremessar lama no quarteto feminino. Diante da recepção hostil da audiência, poderia pedir uma pausa ou até mesmo abandonar o show. Mas quem estava ali era a L7. A vocalista e guitarrista Donita Sparks reagiu. Retirou o absorvente interno que usava, ensanguentado, e jogou na plateia.
– Tenho um presentinho para vocês: comam meu absorvente usado! – bradou, antes de prosseguir o show normalmente.
O episódio, um dos mais inusitados da história do rock, reflete a força feminina da L7, que deve trazer toda essa atitude a Porto Alegre, terça-feira, no palco do Opinião. Em uma noite batizada de Morrostock Vênus em Fúria – junção de dois festivais do Rio Grande do Sul –, haverá duas atrações de abertura com mulheres na linha de frente: Os Replicantes e Bloody Mary Una Chica Band.
Criada em 1985, em Los Angeles, a L7 começou as atividades com Donita, Suzi Gardner (guitarra e vocal), Jennifer Finch (baixo) e o baterista Roy Koutsky. Em 1988, foi lançado o disco de estreia, com o nome do grupo. No mesmo ano, Demetra “Dee” Plakas assumiu as baquetas, e o quarteto passou a ser totalmente feminino.
Com uma sonoridade que vai do punk ao hard rock, a L7 ficaria marcada como uma rara presença feminina da cena grunge que emergiu com nomes como Nirvana, Pearl Jam e Soundgarden. Em suas letras afiadas, o quarteto costuma trazer narrativas irreverentes e relações interpessoais, além de mensagens de afirmação feminina – como em Wargasm, Diet Pill e Fast and Frightening.
Donita descreve o L7 como uma “banda de rock com integrantes feministas”. Não é a toa que o grupo organizou entre 1991 e 2001 o festival Rock for Choice, que era dedicado a apoiar as liberdades civis das mulheres e o direito ao aborto. Pelo evento, passaram nomes como Bad Religion, Foo Fighters, Nirvana, The Offspring, Pearl Jam, Rage Against The Machine e Red Hot Chili Peppers.
Banda ficou mais de 10 anos parada
Após o segundo álbum, Smell The Magic (1991), veio o sucesso comercial do grupo, o álbum Bricks Are Heavy (1992). Produzido por Butch Vig (responsável pelo clássico Nevermind, do Nirvana), disco traz o megahit Pretend We’re Dead. Em 1993, a L7 veio ao Brasil para se apresentar no Hollywood Rock – a banda fez um dos mais elogiados e comentados shows do festival.
O L7 lançaria depois mais três discos – Hungry for Stink (1994), The Beauty Process: Triple Platinum (1997) e Slap-Happy (1999) e deu uma longa parada. Voltou a se reunir em 2014 para participar das filmagens do documentário L7: Pretend We’re Dead, lançado em 2016. De lá para cá, o quarteto lançou duas músicas: Dispatch from Mar-a- Lago, em com letra em oposição ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e I Come Back To Bitch, que fala sobre pessoas gananciosas e arrogantes que não importam como outros. A pegada dessa faixa lembra a L7 dos anos 1990. O entusiasmo dos fãs animou a banda a sair em turnê mundial, que tem Porto Alegre como parada nesta terça-feira.
L7 – Morrostock Vênus em Fúria
- Terça-feira (4), a partir das 22h, no Opinião (Rua José do Patrocínio, 834).
- Abertura da casa: 20h. Classificação: 16 anos.
- Bandas de abertura: Os Replicantes e Bloody Mary Una Chica Band.
- Ingressos: de R$ 180 (pista inteira), R$ 120 (promocional, mediante doação de 1kg de alimento não perecível no acesso ao evento), com meia-entrada a R$ 90 para beneficiários legais. À venda no local, com pagamento em dinheiro e cartões de débito e crédito
- Pontos de venda sem taxa de conveniência (somente em dinheiro): loja Multisom do shopping Bourbon Wallig,. Pontos de venda com taxa de R$ 5 (somente em dinheiro): lojas Multisom dos shoppings Praia de Belas, Iguatemi, Bourbon Ipiranga, Barra Shopping Sul, Shopping Total e da Andradas 1.001; Bourbon São Leopoldo, Bourbon Novo Hamburgo, Park Shopping Canoas e Canoas Shopping. Site blueticket.com.br (com taxas variáveis).