O funk nasceu verde, amarelo e periférico. Seja pelo teor sexual das letras, seja pela simplicidade da melodia, o ritmo musical precisou enfrentar preconceitos de todos os lados para conseguir florescer. Mas o gênero que por tanto tempo foi tido como expressão menor parece finalmente ter ganho o reconhecimento merecido. Recentemente, o Spotify divulgou seus números que apontam um aumento de 4.694% no consumo do ritmo carioca ao redor do planeta. Em clima de exportação, o gênero cresceu 3.421% nos streamings de outros países - principalmente EUA, Portugal e Argentina. É nesse cenário que desponta Aldair Playboy, dono do hit Amor Falso, que teve quase 500 mil acessos diários só no Spotify, além de ficar em 12º lugar na lista viral mundial da plataforma de streaming.
Natural da Paraíba, o funkeiro de 21 anos faz parte de uma onda mais "romântica" que invadiu o gênero. Deslocando a atenção que focava apenas no Sudeste para agregar também o Nordeste, Amor Falso lembra clássicos do funk melódico - como os sucessos de Claudinho e Buchecha – com uma batida que mistura arrocha, brega e funk. Não é à toa que o refrão da canção - "E parabéns pra você/Que me fez entender/Que minha paixão não é você/Obrigado/Por demonstrar esse amor falso" – popularizou-se assim que o hit foi lançado.
— O bom da música é ela não estar emparedada em uma única forma, poder transitar entre os inúmeros gêneros musicais é uma dádiva. Estar em contato com o público é um bom termômetro por onde devemos seguir — diz Aldair Playboy sobre a tendência atual do funk de adotar uma linha mais melódica. Outro expoente dessa nova vertente é Mc Bruninho, que recentemente fez sucesso com Jogo de Amor.
Já planejando o próximo álbum, que seguirá nessa "batida romântica", Aldair afirma que deve voltar em algum momento a cantar os "pancadões". O músico, que já trabalhou como gesseiro, pintor e lava-jato, começou na banda Swing dos Playboys, quando cantava sobre sexo, bailes e drogas. Ao se lançar na carreira solo, o artista continuou na linha do funk "pancadão", lançando um álbum com essa pegada, chamado CD de Verão. O trabalho faz releituras de hits de outros artistas, como Troféu do Ano, de Jerry Smith, Amar, Amei, de Mc Don Juan, e Ritmo Mexicano, de Mc GW, além de lançar composições próprias, como Senta Novinha e Não Para. Em todas as faixas, Aldair interpreta de acordo com suas influências. A batida eletrônica ao fundo das canções lembra os ritmos pop nordestinos brega e arrocha, novidade para o funk que até então estava restrito às fronteiras do eixo Rio-São Paulo.
Parcerias e planos para o futuro
Quebrando os muros que circundavam o gênero musical, Amor Falso também serviu para alavancar a carreira do próprio Aldair Playboy. A canção ganhou uma versão com participação de outros dois grandes nomes da música popular, Wesley Safadão e Mc Kevinho:
— Wesley me chamou pra esse projeto e aceitei na hora, sou fã dele, e o Kevinho arrasa. O resultado ficou ótimo, o clipe é alto astral. Apesar da correria que foi por causa de nossas agendas, foi muito bom fazer essa regravação — conta Aldair.
A nova versão foi lançada dia 30 de maio e já conta com mais de 13 milhões de visualizações no Youtube. Aldair está com a agenda lotada de pedidos para shows nacionais e internacionais. O cantor assinou com o escritório de Wesley Safadão em maio e promete muitas novidades ainda para este ano:
— Acabei de lançar na sexta (8) meu clipe com a fenomenal Márcia Fellipe, Deixa Eu Te Fazer Feliz, e também estou trabalhando no meu CD. Vou estar com o Safadão no grande Garota Vip, dia 18 de agosto no Rio de Janeiro, tem muita coisa massa que ainda vai rolar neste ano — garante o funkeiro.