Algumas horas depois de lançar o clipe de Mulher Gato nesta quinta-feira (26), Wanessa Camargo tuitou: "Acordei sedenta". A cantora dava continuidade em suas redes sociais à performance sensual que assumiu com a nova canção, marcada pela letra onde o desejo de sexo, tratado sem rodeios, é assunto de cada estrofe. "Tô louca para dar", provoca em um trecho da música.
Aos 35 anos, Wanessa é conhecida pela trajetória oscilante, pulando de um gênero musical para outro em 18 anos de carreira. As mudanças inesperadas sempre foram tratadas pela crítica como uma possível pressão vindo do talento familiar, já que é filha de Zezé Di Camargo, ícone da música sertaneja ao lado do irmão, Luciano.
Relembre, abaixo, os movimentos que fez para atingir o sucesso.
A boa moça de "O Amor Não Deixa"
Lançado em 2000, O Amor Não Deixa é o primeiro single da cantora, recheado de composições feitas por outros artistas, tanto nacionais quanto estrangeiros. Ela tinha 22 anos e buscava um reconhecimento no cenário pop brasileiro, disputando espaço com Kelly Key, Rouge e Sandy & Junior.
O single foi incluído no disco de estreia, intitulado Wanessa Camargo. Também entrou a canção Apaixonada por Você, uma dedicatória a Dado Dolabella, o caso de amor mais polêmico da cantora. "Foi um anjo que chegou na hora certa/ Um cupido me acertando a sua flecha", cantava a moça.
A menina cresceu
Nos anos que se seguiram ao lançamento do primeiro disco, Wanessa, como não poderia deixar de ser, perdeu os trejeitos de menina. O amor fantasioso abriu espaço para frustrações e sofrimentos, mas também certo empoderamento feminino. Em Amor, Amor, single de 2005, ela canta: "Não estou sofrendo/ Não estou morrendo/ Cale essa boca, você está muito enganado". Ela já começa a dançar sensualmente e a fazer um pop latino no estilo da diva colombiana, Shakira.
O single entrou no disco W, o quinto feito em estúdio e cujo título aposta na primeira letra do nome da cantora como marca de seu amadurecimento como mulher.
Flerte com o eletrônico
Em 2012, quando cantoras como Lady Gaga e seu figurino futurista já haviam conquistado o cenário musical e impulsionado as baladas eletrônicas, Wanessa surge com o single Shine It On, hit que a colocou, ainda que sutilmente, como uma diva pop no Brasil. Na voz e nas redes sociais do público LGBT+, a canção ganhou um apelido carinhoso: "Xainiron".
Nos anos que antecederam o sucesso da música, Wanessa já estava apostando nas canções em inglês e abandonado o sobrenome Camargo, símbolo da família sertaneja. No mesmo ano, ela dá à luz seu primeiro filho e, em 2014, tem o segundo menino, período em que se dedica à maternidade.
Na onda do "feminejo"
Quando retorna em 2016 com o oitavo disco de estúdio, mostra que o caso com a música eletrônica não passou de um flerte. Mas nada garantiria que a nova aposta da cantora iria se sustentar. Assim lança 33, disco recheado de canções sertanejas e que compete por atenção com Marília Mendonça, Maiara e Maraisa e outras cantoras que são destaques da nova onda de mulheres no sertanejo.
É a primeira vez em 16 anos de carreira que Wanessa se aproxima do gênero do pai e do tio, o cantor Luciano. O single do disco é Coração Embriagado, que pelo título mostra a tentativa de convencer no gênero apelidado de "sofrência". Aos antigos fãs conquistados com o eletrônico, avisou: "Eles não ficarão órfãos. Nos shows, posso cantar de tudo".
Wanessa, a sedenta
Antes de lançar Mulher Gato, Wanessa já havia avisado que estava apostando em uma versão mais atrevida e empoderada de si mesma. Como se estivesse prevendo a reação do público com o clipe ousado, enviou uma mensagem explicando a mudança. No texto, reconhece que a letra fala sobre sexo, algo que considera libertador. "É importante para mim, como mulher, falar também sobre isso. Nós também podemos ser sexuais, ou não ser. Mas é o nosso direito e a nossa liberdade ser ou não ser", escreveu. E surgiu engatinhando, fazendo "miau, miau, miau" e cantando "leitinho quente quer tomar".
Rebatendo as críticas ao novo single, mostrou que está afinada com o comportamento feminista das cantoras de maior sucesso hoje no Brasil, como Anitta, Pabllo Vittar e Ludmilla, todas com letras provocantes no sentido de indicar uma nova posição que a mulher pode assumir na sociedade. "Só porque sou mãe não posso falar sobre sexo? Eu não tô morta, querido! E isso é machista", argumentou em resposta a um homem que criticou sua performance no clipe, algo que deveria, na visão dele, ser impedido pelo fato de ela ser mãe.