Uma das pedras fundamentais do samba carioca, autora de clássicos como Sonho Meu e Alguém me Avisou, a compositora Dona Ivone Lara morreu nesta segunda-feira (16) deixando um legado de 40 músicas inéditas. De acordo com informações do site Extra, as faixas são composições que Ivone acumula desde os 93 anos, numa média de dez novas canções por ano – ela faleceu aos 97 anos.
Em sua maioria, as novas composições falam de amor, mas também há espaço para temas um mais melancólicos, como traição. As faixas foram concebidas juntos com o neto André Lara e com outros compositores, como o parceiro de longa data Délcio Carvalho. A família não confirmou se pretende lançar as canções.
Venerada por diferentes gerações
Dona Ivone tinha feito aniversário no último dia 13 e estava internada na Coordenação de Emergência Regional, anexa ao Hospital Miguel Couto, no Leblon, na zona sul do Rio. A compositora morreu em decorrência de insuficiência respiratória.
Apesar da idade avançada, Dona Ivone, venerada por sambistas de diferentes gerações e chamada de "Rainha do samba" e "Primeira-dama do samba", fez shows há até pouco tempo atrás. Em 2016, celebrou os 95 anos numa apresentação que contou com outros artistas e seu neto André, uma companhia constante. Em 2010, fora homenageada pelo Prêmio da Música Brasileira.
Dona Ivone se deslocava de cadeira de rodas e era amparada por familiares. Em suas aparições públicas, estava sempre sorridente e alinhada. Onde chegava era ovacionada. O maior parceiro foi Délcio, com quem criou, entre muitos sambas, Sonho Meu, Acreditar, Minha Verdade e Em Cada Canto uma Esperança. Ele era 18 anos mais jovem e morreu em 2013.
A sambista foi gravada por Clara Nunes, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Paulinho da Viola, Marisa Monte e outros nomes da MPB. Em rodas de samba cariocas, composições como Tiê e Mas Quem Disse que Eu te Esqueço, esta com Hermínio Bello de Carvalho, sempre são lembradas.
Primeira mulher a ganhar uma disputa de samba-enredo numa escola de samba no Rio, em 1965 – Os Cinco Bailes da História do Rio (com Silas de Oliveira e Bacalhau) –, ela era filha de músicos e ligados ao carnaval. Era prima de Mestre Fuleiro, um dos fundadores do Império Serrano, sua escola.