O final de semana será de "climão" em Porto Alegre. A cantora Letícia Novaes traz para o Rio Grande do Sul, pela primeira vez, o show do álbum Letrux em Noite de Climão, eleito melhor disco do ano pelo Prêmio Multishow 2017. Serão duas noites no Agulha (Conselheiro Camargo, 300): a carioca tinha um show agendado no sábado, às 23h, mas a procura pelos ingressos foi tão grande que uma função extra foi marcada para o domingo, às 21h.
Apesar do álbum premiado ser a estreia solo de Letícia, a cantora tem uma carreira musical sólida há mais de uma década. Ao lado do ex-namorado Lucas Vasconcellos, fundou em 2007 o duo Letuce, com três discos lançados de maneira independente, público fiel e boa recepção da crítica. Com Letrux em Noite de Climão, Letícia assume o protagonismo, com sonoridades própria, em um disco dançante, mas com letras que não deixam de fora a dor e o desconforto do final dos relacionamentos – o tal “climão”. É um disco para dançar chorando.
– Busco algum equilíbrio no meu trabalho. A tragicomédia é muito importante para mim. Ser só triste ou ser só engraçado é muito ruim. Se você quiser afundar na fossa ou ser o engraçadão, tudo bem, parabéns. Mas gosto de caminhar entre uma coisa e outra – afirma Letícia.
O disco também equilibra sensualidade e humor. Que Estrago, parceria com a poeta Bruna Beber, mergulha no amor feminino com versos de duplo sentido: “Garota, toma tenência/ farol tá aceso/ Garota, cuidado/ me põe para jogo/ maré tá enchendo”. E até a fossa é encarada com ironia. Em Além de Cavalos, a letra fala de um casal que se arrepende depois de tatuar os nomes um do outro.
O ex-namorado cobre o nome da antiga parceira com o desenho de uma cobra, enquanto ela se lamenta: “Sim, parecia uma grande ideia/ imitávamos celebridades/ mas eles têm grana para o laser/ não, nunca mais eu me coloco nessa/ por que eu não escolhi um ideograma?”.
Mais um trunfo do álbum é a sonoridade dançante, mas também orgânica. Sintetizadores e teclados se harmonizam com guitarras distorcidas, bateria e percussão. O resultado são canções que escapam de rótulos, orbitando entre o disco dos anos 1970, o indie rock e a MPB:
– As pessoas vêm me perguntar como é o meu som, e eu não sei dizer. Fico muito feliz com isso. Sinto isso também na minha história enquanto ouvinte de música. Nunca fui de um nicho. Sempre gostei de passear, de ouvir de tudo, de pagode a punk rock, de música clássica a MPB.
Na produção do álbum, Letícia trabalhou com o tecladista Arthur Braganti e a guitarrista Natália Carrera, que também estão no show.
– É um encontro novo. São três pessoas produzindo um disco, cabeças que pensam diferente, que têm referências parecidas, mas também distintas. As músicas são um apanhado do que vivi e compus nos últimos cinco anos. A banda que consegui formar também é muito espontânea. Isso se reflete no disco e no show. É uma banda que deixa fluir – avalia Letícia.
Além de Braganti e Natália, o grupo conta com Thiago Rebello (baixo), Lourenço Vasconcellos (bateria) e Martha V (guitarra) – a última não participou das gravações, mas é um importante apoio ao vivo. O setlist compreende as 11 faixas do álbum de 45 minutos, entre elas Vai Render, e algumas releituras, como Zodiacs, hit setentista da Roberta Kelly, e Não creio em Mais Nada, de Paulo Sérgio. Letícia também aponta que há espaço para o improviso:
– Quando a casa tem piano, a gente toca alguma coisa da Fiona Apple. Quando não tem, a gente faz algum outro número.
Os shows em Porto Alegre integram o Projeto Concha, iniciativa que reúne mensalmente no Agulha cantoras e musicistas de destaque no Brasil.
Letrux em Noite de Climão
Sábado, às 23h, e domingo, às 21h – nas duas noites, portas se abrem às 19h.
Agulha (Conselheiro Camargo, 300).
Ingressos: antecipados a R$ 100 (segundo lote), à venda pelo site www.sympla.com.br. Na hora, os bilhetes custam R$ 120.