O cantor e compositor canadense Leonard Cohen ganhou, neste domingo (28), de forma póstuma, seu primeiro Grammy por "You Want It Darker", título do tema de seu álbum homônimo lançado pouco antes de sua morte, em novembro de 2016.
Apesar de ter sido um grande nome da cultura e da literatura pop, Cohen teve pouco reconhecimento, ao longo de sua carreira, pela indústria da música americana.
Poeta, romancista, compositor e cantor, Cohen ganhou seu primeiro Grammy pessoal de melhor interpretação de rock por "You Want It Darker", em uma categoria que também incluiu o já falecido Chris Cornell.
Cohen, com canções como "Hallelujah" e "So Long, Marianne", ganhou um Grammy por sua trajetória em 2010.
Em 2008 o disco "River: The Joni Letters", tributo da estrela do jazz Herbie Hancock à cantora canadense Joni Mitchell no qual Cohen foi artista convidado, obteve um Grammy de melhor álbum.
O disco "You Want It Darker" foi lançado três semanas antes da morte de Cohen em 7 de novembro de 2016 em Los Angeles.
Quem foi Leonard Cohen
Conhecido como o "trovador da voz cavernosa" e por canções como "Suzanne" e "Hallelujah", o artista era caracterizado por seu timbre seco, seu estilo folk e por sua voz rouca – que, com o passar dos anos, foi ficando cada vez mais grave.
Nasceu em 21 de setembro de 1934, em Westmount, no Canadá. Aprendeu a tocar violão na adolescência e inspirou-se na obra do autor espanhol Federico Garcia Lorca para compor sua veia poética. Aos 21 anos, lançou seu primeiro livro de poemas, Let us compare mythologies ("Vamos comparar Mitologias"). Enquanto morou na Grécia, onde comprou uma casa com a herança deixada por seu pai, publicou os romances The favourite game (1963), a coletânea poética Flowers for Hitler (1964) e Beautiful losers (1966).
O desapontamento com o fracasso nas vendas de seus livros levaram a explorar outro lado artístico de Cohen, a música folk, que conheceu em Nova York. No seu círculo social, na cidade, estavam nomes como Andy Warhol, figura maior do movimento de pop art, a cantora alemã Nico e o intérprete Judy Collins, que incluiu o sucesso Suzanne em seu disco In my life.
Cohen lançou 14 discos de estúdio entre 1967 e 2016. O cantor surgiu junto com a geração de grandes poetas-compositores durante as décadas de 1960 e 1970, como Bob Dylan e Paul Simon, além de ser referência para artistas como Nick Cave e Eddie Vedder, do Pearl Jam, e Bono Vox, do U2.
Os amores e os desamores, os conflitos e a religião sempre foram temas que Cohen se dedicou ao longo da carreira com palavras cavernosas, carregadas de nicotina e fumaça. Despojado e elegante, o cantor dizia que nasceu de terno.
Sua criação mais popular foi lançada em Various positions, em 1984, com a canção Hallelujah, música que, segundo estimativas, foi interpretada por cerca de 200 cantores - entre eles Jeff Buckley, Willie Nelson e Bob Dylan - e virou documentário e livro.
Cohen buscou a dedicação à espiritualidade a partir dos anos 1990, se retirando da cena artística. Farto do cotidiano, raspou a cabeça e ficou recluso em um monastério budista em Mount Baldy, Los Angeles. Retornou à musica em 2001, com o disco Ten new songs. Por uma razão nada espiritual, descobriu que Karry Lyncg, sua agente e amante esporádica por 17 anos, havia lhe roubado grande parte da poupança, fugindo com cinco milhões de dólares que Cohen tinha economizado para a aposentadoria, deixando o cantor quase falido.
Com isso, o artista teve de largar a vida monástica para voltar à estrada e ganhar um pouco de dinheiro. E Kelly Lynch foi condenada a 18 meses de prisão.
Entre as diversas honrarias que recebeu, estão um Grammy honorário em 2010, por sua trajetória, e a menção no Rock and Roll Hall of Fame, em 2008.