O MECAFestival retorna à Porto Alegre, mas bastante diferente. Saem de cena as atrações indie que embalaram as edições do evento em sítios de Maquiné (de 2011 a 2015) e Viamão (2016). Entram cerca de 20 DJs de diferentes vertentes da música eletrônica. O MECAIberê, mistura de festival e festa, ocupa a Fundação Iberê Camargo (FIC) nas noites de sexta e sábado.
Criado em Maquiné (RS), em 2011, o Meca realizou festivais de música em São Paulo, Rio de Janeiro e no Instituto Inhotim, em Brumadinho (MG). Atualmente, opera o MECASpot – mistura de café, loja e coworking em São Paulo –, e promove eventos que abrangem áreas diversas, como inovação, esporte e jogos. À frente de tudo está o gaúcho Rodrigo Santanna, que projeta os eventos a partir de locações incomuns, capazes de oferecer experiências ligadas à natureza, arte e arquitetura. É o caso do MECAIberê, voltado à música eletrônica tanto porque seria difícil erguer grandes palcos na FIC quanto porque a organização entendeu que o gênero musical está em alta.
– Armar um palco na FIC seria uma intervenção muito grande. A música eletrônica se encaixa melhor e é uma cena que está muito rica em Porto Alegre. Tem um segmento que vem se desenvolvendo no mundo inteiro, que não é da linha do tecno, das raves. Tem mais conteúdo porque tem o pé no eletrônico e traz referências de músicas tradicionais e contemporâneas – explica Santanna.
O MECAIberê fez uma seleção de DJs que atuam na cidade, como Gabriel Cevallos (do festival Kino Beat) e Gabto (da festa Vorlat), mas também nomes menos associados ao eletrônico, como João Veppo, da casa noturna Margot, ou o coletivo responsável pela festa Bronx, de black music. As principais atrações são o norte-americano Timmy Regisford, figura lendária da dance music que comandou o projeto The Shelter, e o duo argentino Silver City, de Fernando Pulichino e Julian Sanza, que prometem misturar experimentação eletrônica com instrumentos tocados ao vivo. Do centro do país vêm os DJs Augusto Olivani, da festa paulistana Selvagem, e o produtor carioca Carrot Green.
Completam a programação três painéis sobre produção cultural e publicações independentes, no auditório da FIC. Os DJs começam a tocar na entrada principal, seguem para o pátio interno e terminam no estacionamento.
No início de novembro, Rio de Janeiro e São Paulo receberão outras edições do MECA. Santanna também articula a primeira edição internacional do festival, em Punta del Este, ainda em negociação. E apesar de a última edição do evento em Porto Alegre ter tido repercussão negativa nas redes, depois que o mau tempo motivou as bandas Miami Horror e Oh Wonder a cancelarem seus shows na última hora, Santanna garante que manterá o Estado no circuito do MECA.
– Sou de Porto Alegre mesmo e nunca vou tirar o pé daqui. A ideia é acrescentar mais lugares – afirma o criador do festival que projeta vida longa para o MECA: – É um projeto de longo prazo. Pensamos nos próximos 20 anos, sem preocupação de ganhar dinheiro agora, e sim criar um ecossistema que no futuro tenha sustentabilidade.
MECAIberê
- Sexta-feira (6/10), das 19h às 4h, e sábado (7/10), das 19h às 4h.
- Fundação Iberê Camargo (Av. Padre Cacique, 2.000).
- Classificação: 18 anos.
- Ingressos: R$ 80 (sexta-feira) e R$ 120 (sábado) no site meca.love/mecaibere. Meia-entrada disponível para estudantes, professores, idosos e qualquer pessoa que doar um livro na entrada.
Line-up
Sexta-feira, 19h às 4h:
- 20h às 21h - Pedro Moser + Moreno
- 21h às 22h - Ana e Vika (024)
- 22h às 23h - Gabto (Vorlat)
- 23h às 0h - Posada
- 0h às 1h - Gabriel Cevallos
- 1h às 2h30 - Carrot Green
- 2h30 às 4h - Trepanado
Sábado, das 19h às 4h:
- 17h às 19h - Paula Vargas (BudMECAChallenge)
- 19h20 às 21h - JP Florence + Negro (Neue)
- 21h às 23h - Silver City
- 23h às 01h - The Shelter
- 19h às 20h30 - Juli Baldi
- 20h30 às 22h - Coletivo Bronx
- 22h às 23h30 - Emiliano Jobim, Mark Daniel
- 23h30 às 01h - Rafa Triboli, Pedro Valerio
- 1h às 2h30 - 2Brothers
- 2h30 às 4h - João Veppo, Mari Kruger
Painéis
- Sexta-feira, 19h – Produção cultural como ferramenta de discussão de gênero e representatividade, com Juli Baldi, León Rojas (Julha Franz), Thiago Pirajira (Pretagô) e Valéria Houston.
- Sábado, 16h30 – O papel importa: os desafios da publicação independente, com Frederico Antunes (Vista), Natália Albertoni (MECA), Pedro Damásio (Vois, Hood e Nodal) e Rafael Rocha (Noize).
- Sábado, 18h – A festa nunca termina, mas se transforma: hedonismo, negócios e ativismo, como equalizar?, com Gabriel Cevallos (Kino Beat), Gabriel Bernardo (Base/Arruaça), Coletivo Bronx e Nanni Rios (Cadê Tereza).
Preste atenção: não haverá estacionamento no local. Nas tardes de sábado e domingo, o museu funciona normalmente.