Quem foi ao Rock in Rio na quinta-feira, 21, se deparou com um público completamente diferente do da semana passada na Cidade do Rock. Os looks mais justos e coloridos deram lugar às camisetas pretas e com estampas clássicas de bandas como Def Leppard e Fall Out Boy.
O pop dançante de Justin Timberlake e Maroon 5, que ditou as regras do jogo na primeira parte do festival, foi substituído por vocais de agudos estridentes e riffs pesadíssimos. O rock, portanto, voltou a ganhar força e foi muito bem representado por Alice Cooper, The Kills e a banda brasileira Scalene.
Como era esperado, o Aerosmith fez uma grande apresentação. Na primeira parte do show, o grupo de Steven Tyler enfileirou um hit atrás do outro, estabelecendo uma conexão por meio da memória afetiva. Let The Music Do The Talking abriu os trabalhos, com destaque para a performance do guitarrista Joe Perry. Na sequência ainda vieram Love In An Elevator e Cryin.
É raro um show do segundo palco, o Sunset, destinado a encontros musicais, ser mais esperado pelo público do que os do Palco Mundo. Nesta quinta-feira, todavia, foi assim com Alice Cooper, que, na edição de 2015, estava no palco principal com o Hollywood Vampires. Essa foi a maior concentração diante do Sunset em quatro dias de Rock in Rio.
Tendo Arthur Brown como convidado, o rei do shock rock, aos 69 anos, desbancou as bandas mais jovens Scalene e Fall Out Boy, que antecederam o Def Leppard e o Aerosmith no Mundo, e incendiou o Sunset misturando em seu caldeirão performático ingredientes que divertiram iniciados e perturbaram os desavisados: som (baixo) e maquiagem (caprichada) pesados, encenações macabras e clima de pesadelo e horror no ar. O público, formado por cinquentões que acompanham as apresentações teatrais de Cooper há décadas e jovens curiosos, vibrou com os clássicos No More Mr Nice Guy, Under My Wheels, Only Women Bleed e Poison.
Um pouco mais tarde, já no Palco Mundo, o público viu o Fall Out Boy fazer um show morno. Com 16 anos de existência, o grupo, liderado por Patrick Stump (voz e guitarra) e Pete Wentz (baixo), acertou em cheio na nostalgia. Canções como Dance, Dance, This Ain't a Scene e It's a Arms Race, por exemplo, provocaram uma catarse naqueles que estão lidando com a dura chegada dos 30 anos. Eles revisitaram momentos de tristeza e euforia na adolescência de muitos que assistiam ao show.
O Def Leppard, que se apresentou às 22h30 no Palco Mundo, tinha uma difícil missão: tentar quebrar o encanto de Alice Cooper e preparar o terreno para a principal atração da noite, o Aerosmith. Muita gente circulava pela Cidade do Rock quando eles subiram ao palco, e isso não era um bom sinal para a banda inglesa.
Conhecida por uma sensibilidade nem sempre pertinente ao heavy metal, a banda voltou ao Rock in Rio depois de cancelar sua participação em 1985. Olhando do fundo, o público agia com alguma indiferença, mas a banda fez um som de heavy metal temperado de anos 1980. Já o Scalene, que abriu o Palco Mundo, se complicou quando tentou executar ao vivo as músicas do novo disco, Magnetite.