O Prêmio da Música Brasileira chega nesta quarta-feira a sua 28ª edição com festa no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. O mais tradicional e prestigiado evento do gênero do país celebra neste ano a obra de Ney Matogrosso com uma cerimônia que vai reunir no palco grandes estrelas da música nacional – inclusive o próprio homenageado – e que será apresentada por Maitê Proença e Zélia Duncan. O show tem direção geral de José Maurício Machline, idealizador da premiação, e será transmitido ao vivo pelo Canal Brasil, a partir das 20h45min.
Neste ano, o prêmio bateu o recorde de inscrições: foram 1.199 CDs e 128 DVDs recebidos pela organização. Após a seleção feita pelos jurados, foram escolhidos 79 nomes, indicados em 35 categorias. Alceu Valença, BaianaSystem, Letieres Leite e Zeca Pagodinho lideram a lista, com três indicações cada um. Vencedor de 12 troféus do Prêmio da Música Brasileira, o pernambucano Alceu concorre com dois trabalhos: o excelente DVD e CD Vivo! Revivo! – pelo qual é indicado como Cantor e Álbum na categoria Regional – e a trilha sonora de
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A Luneta do Tempo, filme dirigido pelo cantor e compositor, na disputa de Álbum na categoria Projeto Especial. Já o grupo BaianaSystem acumula indicações como Revelação, Projeto Visual e Álbum na categoria Pop/Rock/Reggae/Hip Hop/Funk (pelo aplaudido disco Duas Cidades).
Com 17 prêmios na estante, Zeca Pagodinho colhe os frutos da terceira edição de seu projeto Quintal do Pagodinho, pelo qual foi indicado como Cantor, Álbum de Samba e Canção (Nunca Mais Vou Jurar, parceria com Arlindo Cruz e Marcelinho Moreira). Já o maestro baiano Letieres Leite e a sua sensacional Orkestra Rumpilezz receberam um trio de indicações – Arranjador, Álbum e Grupo na categoria Instrumental – pelo disco A Saga da Travessia.
A lista de finalistas revela ainda 14 artistas empatados com duas indicações. Entre eles, estão Maria Bethânia – homenageada em 2015 e líder do ranking, com 22 prêmios já recebidos –, Hamilton de Holanda (11 troféus), Lenine (10) e Martinho da Vila (nove). Aos 87 anos, Elza Soares está nos páreos de Álbum e Cantora na categoria Canção Popular por Elza Canta e Chora Lupi – CD e DVD gravado ao vivo em 2014 em Porto Alegre, no Theatro São Pedro, com repertório de composições de Lupicínio Rodrigues (1914 – 1974). Duas formações gaúchas estão entre os indicados ao Prêmio da Música Brasileira: o Projeto CCOMA, com o disco Subtropical Temperado (Álbum Eletrônico), e o Grupo Rodeio, que concorre a melhor Grupo da categoria Regional pelo álbum Trilhando o Rio Grande.
Antes de encerrar com um pocket show de Ney Matogrosso (leia abaixo entrevista com o cantor), a celebração ao artista que completa 76 anos no dia 1º de agosto terá apresentações de Lenine, Pedro Luís, BaianaSystem, Ivete Sangalo, Karol Conka, Alice Caymmi, Laila Garin e Chico Buarque, que interpretarão sucessos da carreira do inclassificável homenageado.
Entrevista Ney Matogrosso
Como será a sua apresentação?
Abro com Melodia Sentimental no começo do show e depois, no final, canto mais quatro ou cinco músicas. Tem Novamente, Rosa de Hiroshima, Bandido Corazón, Pro Dia Nascer Feliz e mais uma que não lembro agora. Mas não sei a ordem.
Como você se sente sendo homenageado?
Sinto um certo desconforto quando o foco vai por aí, sabe? Quando estou no palco, não tenho desconforto nenhum, mas, quando é homenagem, fico sempre desconcertado. Mas tudo bem.
Datas redondas convidam a olhar para trás e fazer retrospectivas. Você completou 75 anos no ano passado. Isso despertou em você algum tipo de balanço?
Não. Eu estou sempre aqui no presente. Gero alguma coisa para o futuro, mas também moderadamente. Antigamente eu era mais impulsivo nesse sentido. Agora estou mais calmo.
Para alguns fãs, talvez calmo até demais: seu mais recente disco, Atento aos Sinais, é de 2013. Você está preparando algum trabalho novo com músicas inéditas?
Estou preparando um repertório, mas não estou preocupado com inéditas, não. Estou querendo cantar coisas de que gosto, por acaso tem algumas coisas inéditas. Quero fazer um disco cantando só o que me interessa, mesmo que já tenha sido gravado por outras pessoas. Não tenho problemas com isso.
Você já disse muitas vezes que tem achado o país careta. Como você vê o avanço da direita no Brasil e no mundo?
Estamos vivendo um momento esquizofrênico, rachado. Nunca pensei que veria isso no país, o Brasil rompido ao meio por essa coisa ridícula chamada política. Eu não vejo ideal na política, a não ser interesse por poder e dinheiro. Fico chocado que tanta gente se deixe iludir por essa gente que se diz político. Mas acho que isso da direita não vai se criar. Estão permitindo uma certa experiência com isso, mas acho que as pessoas atinarão que não é por aí. Trump é tão absurdo que vai fazer a humanidade acordar. Ele será útil para fazer com que ninguém mais queira passear nessa área.