Projeto que vem resgatando a memória da música popular no Rio Grande do Sul, o Discografia Pop Rock Gaúcho está de volta neste final de semana. Depois de passar 2016 em silêncio, a iniciativa levará neste sábado, às 18h30min, Ian e Vitor Ramil ao Auditório Araújo Vianna. No domingo, no mesmo horário, tocam Maria do Relento e Rosa Tatooada – nos dois dias os portões abrem às 17h. A entrada é gratuita.
Desde 2010, o Discografia convida bandas e cantores para tocarem ao vivo um disco marcante de sua carreira, na íntegra e com as músicas na mesma ordem registrada no álbum. A edição mais recente, há dois anos, teve presença de seis bandas em três noites: Da Guedes, Comunidade Nin-Jitsu, Graforreia Xilarmônica, Ultramen, Esteban e Chimarruts. Em 2016, o projeto ficou parado para se reacomodar à nova situação econômica do Brasil.
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Com um corte de orçamento de cerca de 50%, a iniciativa volta agora por apenas duas noites, totalizado quatro artistas.
– Tivemos que repaginar o projeto, mas não abrimos mão de uma coisa: a entrada precisa ser gratuita – afirma Lelê Bertholacci, idealizador do projeto.
Os ingressos serão distribuídos no sábado e no domingo a partir do meio-dia, somente para os shows do respectivo dia.
No sábado, às 18h30min, o jovem Ian Ramil tocará o álbum Ian, lançado em 2014. Na sequência, às 20h, seu pai, Vitor Ramil, apesenta o clássico Ramilonga, de 1997.
– O Vitor Ramil é um cara que a gente sempre quis convidar para o projeto – diz Lelê.
Já o domingo conta com os álbuns de estreia do Maria do Relento, às 18h30min, e da Rosa Tatooada, às 20h:
– São dois grandes clássicos dos anos 1990.
DISCOGRAFIA POP ROCK GAÚCHO 2017
Sábado e domingo, a partir das 17h (abertura dos portões).
Classificação: livre.
Auditório Araújo Vianna (Osvaldo Aranha, 685)
Sábado: Ian Ramil (18h30min) e Vitor Ramil (20h).
Domingo: Maria do Relento (18h30min) e Rosa Tatooada (20h).
Entrada franca. Distribuição de ingressos no local a partir das 12h no dia de cada apresentação.
IAN
De Ian Ramil
O primeiro disco de Ian Ramil foi lançado em 2014, conquistando elogios da imprensa e abrindo portas para o músico tocar nos EUA, Colômbia, México e diversas cidades do Brasil.
– O Ian tem bem essa cara de primeiro disco, de apanhado de composições, reunindo canções que fiz entre os 17 e o 25 anos. Viajamos horrores com ele, que foi muito bem recebido. Entre o início das gravações e o lançamento, passaram-se dois anos. Nesse intervalo, compus todo o meu segundo disco, que já é o registro de outro momento – conta Ian.
O álbum foi gravado na Argentina, com produção do Matías Cella, que já trabalhou com músicos como Jorge Drexler. Ian afirma que a sonoridade dos metais é marcante:
– É muito legal voltar a esse disco, principalmente pelos sopros. Vamos voltar a fazer o show com um naipe, o que dá uma vibração muito forte. A nossa pilha para entrar no palco é essa.ão.
RAMILONGA
De Vitor Ramil
Ramilonga foi o álbum de estreia de Vitor Ramil – pelo menos do Vitor Ramil como o conhecemos hoje.
– O Ramilonga é um marco na minha carreira. É mais importante que meu primeiro disco, que era o álbum de um menino precoce. No terceiro, eu tinha apenas 24 anos. O Ramilonga é quando me volto para o Sul, é meu primeiro trabalho independente, quando eu começo a construir o que sou até hoje, tanto em termos artísticos, quanto no modo de conduzir minha carreira – avalia Ramil.
No disco de 1997, o compositor utiliza instrumentos pouco usuais, como harmônio, sitar e tablas, mesclados a violões e contrabaixo. Para o show de sábado, Ramil convidou os músicos que o acompanharam na gravação original: André Gomes (sitar), Alexandre Fonseca (percussão) e Roger Scarton (harmônio). Para substituir o baixista Nico Assumpção, morto em 2001, Edu Martins foi convocado.
MARIA DO RELENTO
De Maria do Relento
Em 1995, uma banda gaúcha invadiu rádios e televisões com piadas, frases de duplo sentido e homenagens a Silvio Santos. Era o Maria do Relento, com os hits É Fácil Dizer Adeus, Ritmo de Festa e Conhece o Mário?. Como dava para perceber pelas letras, a banda nasceu de uma brincadeira, liderada pelo vocalista Peppe Joe, que acompanhava os shows do grupo de heavy metal de seus irmãos como roadie.
– Comecei a compor algumas letras para um festival do colégio, ali nasceram as primeiras músicas. Como eu trabalhava como office boy, me sobrava algum dinheiro, aí perguntei aos meus irmãos se eles gravariam comigo uma demo se pagasse um ensaio – conta Peppe.
Para o domingo, ele adianta:
– A gente vai juntar a formação original pra fazer essse show, até porque não sabemos o que vai ocorrer com a banda no decorrer deste ano. A cena atual está bem complicada.
ROSA TATOOADA
De Rosa Tatooada
Gravado em 1992 no estúdio Nas Nuvens, no Rio de Janeiro, Rosa Tatooada reuniu canções de hard rock com potencial de conquistar os ouvintes de rádio, como Tardes de Outono, Voando Baixo e Voltando Pra Casa, além da já lendária O Inferno Vai Ter Que Esperar – esta última, uma parceria do vocalista e guitarrista Jacques Maciel com o Thedy Corrêa, líder do Nenhum de Nós e produtor deste trabalho.
– Depois de tantos anos, paramos para ouvir o disco. A gente nota uma ansiedade de juventude, aquele gás no andamento e nas interpretações, tudo meio no limite – Maciel.
Enquanto gravavam o disco, os músicos foram convidados para abrir os shows da turnê brasileira do Guns N' Roses, o que também ajudou a alavancar a carreira do grupo. Maciel é o único remanescente daquela formação. Agora a banda é um trio, completado com o baixista Valdi Dalla Rosa e o baterista Dalis Trugillo.