Um show do cantor Wander Wildner na Fatiado Discos e Cervejas Especiais, em São Paulo, acabou mal. O artista gaúcho teve seu microfone desligado e a apresentação interrompida após ter feito declarações consideradas machistas e racistas. A situação foi exposta pela casa em um post no Facebook, que foi posteriormente apagado.
A frase que motivou a interrupção teria sido "já que nenhuma vadia me traz uma cerveja". O cantor teria ainda se referido a um funcionário do local como "o 'nêgo' que trabalha no bar". "Desligamos o microfone e o amplificador para que esse tipo de babaquice não se propague. Falar as coisas que ele falou no microfone é um erro inadmissível, principalmente em pleno 2017. Wander Wildner aqui nunca mais", dizia o esclarecimento.
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Procurada por ZH, a Fatiado confirma as informações. "A grande questão aí é estarmos dispostos a ouvir, aprender e não repetir os erros. E por isso mesmo não queremos tomar protagonismo dessa luta, não faz sentido, afinal não fizemos mais do que a obrigação em encerrar o show", diz a casa, em uma nota enviada nesta segunda.
Em sua página oficial no Facebook, no domingo, Wander Wildner publicou um texto em que diz ter sido "mal interpretado": "No show de ontem houve um mal entendido. É inegável que não sou racista nem machista, quem me conhece sabe. Sinto muito se o que falei foi mal interpretado. De agora em diante nos shows vou apenas cantar as músicas", escreveu o cantor.
Em reportagem da Vice, o produtor Paulo Zé Barcellos, responsável pela apresentação de Wander Wildner, disse que o cantor "não vai falar sobre o ocorrido".
ZH tentou, sem sucesso, contato com o produtor e com Wander Wildner.
Leia a íntegra do comunicado da Fatiado Discos e Cervejas Especiais:
"Todos nós já erramos no passado. A maioria dos DJs, artistas e clientes que passa por aqui também já errou. Aliás, a gente ainda erra. Imagino (espero) que com coisas mais sutis, mas erramos. A grande questão aí é estarmos dispostos a ouvir, aprender e não repetir os erros. E por isso mesmo não queremos tomar protagonismo dessa luta, não faz sentido, afinal não fizemos mais do que a obrigação em encerrar o show.
A frase 'cadê o nego que trabalha no bar?' que, seguida do espanto de todos foi completada, em tom desafiante, com 'sim, eu tenho um amigo negro que trabalha aqui. Eu chamo ele de nego, ele me chama de alemão, e daí? E daí?' não cabe aqui nem em lugar nenhum. Tanto quanto a frase 'já que nenhuma vadia vai trazer uma cerveja'.
O que nos coube, como responsáveis pelo evento, foi acabar com aquele show pois, como dissemos anteriormente, o mínimo que se espera do ser humano é que ele evolua. Um cara com tanto tempo de estrada que em pleno 2017 (convenhamos, hoje não faltam informações a respeito) se nega a repensar seus valores racistas e machistas não é bem vindo aqui, muito menos com um microfone na mão. Antes de encerrarmos o assunto vale a pena dizer que (apesar de esses assuntos não terem aparecidos na ocasião) homofobia, xenofobia e transfobia também não tem vez aqui. Seguimos aprendendo e evoluindo."