Quando for sair de casa nesta quinta-feira, não se esqueça do guarda-chuva. Porque de acordo com os deuses do metal, a previsão a noite é de chuva. E chuva de sangue. Uma das maiores forças do rock pesado, o Slayer finalmente chega a Porto Alegre, para show no Pepsi On Stage.
A espera foi longa. Fundado em 1981 na California, o Slayer teve sua vinda a Porto Alegre anunciada – e posteriormente adiada – diversas vezes. Agora, o grupo aproveitou a passagem por São Paulo, onde se apresenta neste final de semana no Maximus Festival, para acertar o show na capital gaúcha (trazendo a reboque os discípulos do Red Fang).
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O espetáculo que chega a Porto Alegre também corrige uma injustiça histórica: o Slayer era o único integrante do Big Four que ainda não havia se apresentado por aqui. Considerada a elite do thrash metal, compõe o Big Four, além do Slayer, Metallica, Megadeth e Anthrax – todos os três com passagens pela Capital.
A atual formação traz os fundadores Tom Araya (vocal e baixo) e Kerry King (guitarra), mais o baterista Paul Bostaph (que entrou no lugar de Dave Lombardo em 2013) e Gary Holt, que ocupa a segunda guitarra da banda desde a morte Jeff Hanneman (1981 – 2011). O show é baseado no disco mais recente do quarteto, Repentless (2015), mas resume bem a carreira do Slayer e justifica seu lugar entre os gigantes do metal.
O repertório, centrado nos primeiros anos da discografia do quarteto, é composto por cerca de 20 músicas que contam também parte da história do gênero. Puxadas pelos riffs de King, estão gemas que remente aos primórdios do thrash metal, como The Antichrist, Fight Till Death e Black Magic, pinçadas do primeiro disco, Show No Mercy (1983), seguido por Hell Waits (do segundo trabalho, homônimo) até chegar ao disco Reign in Blood (1986).
Considerada uma obra-prima do metal, Reign in Blood foi produzido pelo midas Rick Rubin e levou o Slayer para as grandes audiências, transformando a banda em referência para além do nicho que habitava. São poucas as bandas de rock pesado que não contam ter escutado Reign in Blood de trás pra frente antes de serem formadas – dos mascarados do nu metal do Slipknot aos mascarados do black metal do Behemoth.
Claro que a super exposição também rendeu problemas, uma vez que as letras sempre apresentaram fortes crítica a religião e tratam de temas espinhosos, como assassinato, genocídio, tortura e fazem referência ao nazismo. Sem contar a arte dos discos, centrada em variações de figuras demoníacas.
De seu principal trabalho, o Slayer toca pelo menos três petardos: Raining Blood, Postmortem e Angel of Death (esta última, inspirada no médico nazista Josef Mengele). A missa negra avança para outros clássicos dos anos 1980 e 1990 da banda, como South of Heaven e Mandatory Suicide (de South of Heaven, 1988), War Ensemble, Dead Skin Mask e Seasons in the Abyss (do álbum homônimo de 1990).
Pouca coisa dos anos 2000 entra no repertório. Além de Repentless e When the Stillness Comes, do álbum que dá nome à turnê, costumam figurar Disciple (de God Hates Us All, de 2001) e Hate Worldwide (de World Painted Blood, 2009). É um corte honesto, que celebra o melhor da criação do Slayer. Para uma estreia, não dá para ser melhor.