O rapper paulistano Rael volta a Porto Alegre nesta quinta-feira para apresentar, no Opinião, pela primeira vez, o disco Coisas do Meu Imaginário, lançado em novembro do ano passado. Além das canções de seu álbum mais recente, como Rouxinol, Minha Lei e Aurora Boreal, o artista promete relembrar sucessos de seus trabalhos anteriores – Envolvidão, Ela Me Faz, Semana e Ser Feliz estão garantidos no set list.
No palco, Rael vai ter a companhia de sua banda completa, formada pelo baixista Rafael da Costa, pelo guitarrista Bruno Dupré, pelo baterista Felipe da Costa, pelo tecladista Bruno Marcucci e pelo DJ Soares. Durante o show, o rapper fará um pequeno set, só com voz e violão. A mistura de rap, MPB, reggae e samba também vai contar com o reforço de Gustavo Sousa no trompete, Tiquinho no trombone e Fernando Bastos no saxofone.
– Fazemos questão de estar aí com cenário e banda completa. É ainda um dos primeiros shows que fazemos nesse formato, o que é novidade não só para o público, para mim também. Vai ser especial – garante Rael.
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Confira abaixo entrevista com o cantor:
Meio ano depois do lançamento do Coisas do meu Imaginário, o que o disco significa para você? Como tem sido a resposta do público?
Acho que além da alegria de ver concretizado algo que idealizava havia anos, como contar com o Daniel Ganjaman na produção, por exemplo, me vejo muito feliz com a resposta do público. Desde que ficou pronto, antes do lançamento, eu sentia e também ouvi de algumas pessoas próximas que é o meu disco que soa mais adulto, em vários aspectos. Imaginei que alguns fãs pudessem estranhar. Fico contente que as pessoas tenham recebido dessa forma. Me surpreendeu muito o show de lançamento aqui em SP, para mais de 3 mil pessoas, ver todos cantando tudo do começo ao fim.
No mês que vem tu lanças Rael ao Vivo em SP. Como foi a ideia do EP? Ele surge muito perto do lançamento de Coisas do Meu Imaginário, um pouco como desdobramento do disco. Qual é a ideia por traz desse novo trabalho?
Pois é, você tem razão. O disco acabou se desdobrando nele. Foi muito por conta desse show de lançamento aqui em SP. Tínhamos ali uma equipe registrando em vídeo e foi um show realmente especial, o público estava entregue à aquela celebração, intenso do começo ao fim. Sentimos que o EP seria uma maneira de eternizar aquele momento e ao mesmo tempo dividir com quem não estava lá o que foi aquilo. Tem uma coisa nesse disco que eu não sentia tanto nos outros que é essa coisa muito orgânica. No palco, há uma troca muito grande com o público. Quando o lugar comporta, a gente tem se esforçado pra conseguir fazer os shows de lançamento pelo Brasil com DJ, a banda base mais metais, que é a formação que estamos levando para aí.
O lançamento do EP se dá em uma época em que a tecnologia deixou mais fácil a difusão musical, gravação etc. Ao mesmo tempo, o tema da evolução digital é muito forte em Coisas do meu Imaginário. Por que te interessa tanto esse assunto?
Porque é uma relação de amor e ódio essa, né? Ao mesmo tempo em que a tecnologia possibilita um monte de coisa, espalhar a nossa música, democratizar o espaço de certa forma, já que os artistas não ficam reféns de serem descobertos por uma gravadora, como acontecia há alguns anos, por outro lado, tem essa doença de viver uma vida que acontece mais nas redes sociais do que na realidade mesmo. Você posta uma foto e é xingado, esculachando por qualquer coisa. Meu filho tem 5 anos, e a relação dele com a tecnologia já é completamente diferente do que era na minha época. Essa questão está inserida nas nossas vidas já desde crianças. Vamos precisar aprender a administrar.
Por que começar o projeto do EP com Aurora Boreal?
Essa música foi uma das que logo de cara no ao vivo surpreenderam. No feedback que eu recebo das pessoas sobre o disco, ela sempre aparece ali como uma das preferidas.
Como rolou a parceria com os rappers portugueses para o projeto do álbum Língua Franca?
Ela nasceu de uma percepção do Emicida e do Fióti de que as duas línguas poderiam conversar. O Brasil consome música portuguesa, dentro do rap tem vários artistas portugueses muito conhecidos e admirados por aqui, e Capicua e Valete são dois bons exemplos. Então a Lab Fantasma e a Sony se juntaram nesse projeto. Fomos eu e Emicida para Portugal para fazer 10 músicas em 10 dias. Um processo exaustivo mas também interessante, que eu não vivia desde o Pentágono, dessa imersão pra compor junto.
Como foi o teu último no show no Opinião, que fechou a turnê do teu trabalho anterior?
Acho que desde o Ainda Bem, de 2013, eu sempre passo pelo Opinião no mínimo uma vez por ano. É muito interessante notar como a gente foi formando um público. É um show sempre quente, com o público animado. Acho que em todas as vezes tocamos às quintas-feiras. Você sair da sua casa pra ir a um show tendo que trabalhar ou estudar no outro dia, vai porque está muito a fim de ouvir aquele som, né? Só tenho a agradecer e, por isso, fazemos tanta questão de estar aí com cenário, banda completa etc. É ainda um dos primeiros shows que fazemos nesse formato, o que é novidade não só para o público, para mim também. Vai ser especial.
RAEL
Opinião (Rua José do Patrocínio, 834, Cidade Baixa, tel.: (51) 3211-2838)
Quinta-feira (11 de maio), às 23h. Abertura da casa: 21h30
Classificação: 16 anos
Ingressos: R$ 45 (com a doação de 1kg de alimento não perecível) a R$ 110.
Pontos de venda: Youcom Bourbon Wallig (sem taxa de conveniência, somente em dinheiro); Youcom Shopping Praia de Belas, Bourbon Ipiranga, Barra Shopping Sul e Bourbon Novo Hamburgo, Mil Sons Alberto Bins 366, Coronel Vicente 434 e Alberto Bins 554, Youcom Bourbon Wallig (com taxa de conveniência, somente em dinheiro); online: www.blueticket.com.br/grupo/opiniao