Alguns músicos desenvolvem verdadeira ojeriza de seus maiores sucessos com medo de ficarem reféns de algumas poucas canções ou, na pior das hipóteses, de apenas uma. Não é o caso de Angela Ro Ro, que ainda hoje vibra com a popularidade de Amor, meu grande amor, seu maior hit (composto com Ana Terra), regravado pelo Barão Vermelho em 1996. A serenidade da cantora e compositora tem a ver com a grande fase que vive. O título do CD e do DVD que lançou em 2013 define o estado de espírito: Feliz da vida!.
Quer um exemplo? Sua canção Fogueira está na trilha da novela das nove, A lei do amor. Tem mais: no último fim de semana, ela se apresentaria em São Paulo relembrando o repertório do primeiro e incensado disco, lançado em 1979, aquele de Gota de sangue; Tola foi você; Não há cabeça e... Amor, meu grande amor. O disco, que leva o nome da cantora, foi eleito pela revista Rolling Stone como um dos cem maiores da música brasileira. Mas Angela não se apega demais ao passado. No momento, aguarda uma data de estúdio para começar a gravar o próximo álbum de inéditas, que sairá pela Biscoito Fino. Ela prefere não adiantar nada sobre o assunto, apenas informa, misteriosamente, que será "uma experiência hi-tech".
O show que Angela apresentará nesta terça-feira (8/11), às 21h, no Sgt. Peppers, em Porto Alegre, será diferente do de São Paulo. Contará com sucessos de diferentes fases da carreira, além de canções internacionais, como Ne me quitte pas, All of me e Night and day. Estará acompanhada exclusivamente pelo tecladista Ricardo Maccord, parceiro musical de quase três décadas. A apresentação integra o projeto Noites Especiais, coordenado pelo músico Antonio Villeroy, que traz grandes nomes da música brasileira com abertura de uma atração local – desta vez, será a cantora Nani Medeiros, ao lado de Mathias Pinto e Junior Pita nos violões.
– Feliz da vida e feliz na vida eu acho que sou – afirma Angela, em entrevista realizada na quinta-feira (3/11). – Sou uma pessoa tão privilegiada! Tenho o que comer, respiro, ando. Sou sexagenária, cheia de tesão e com alguma disposição significativa para viver. Saúde é tudo: saúde de cabeça, de espirito e de corpo. Inclusive estou levando a Porto Alegre uns produtinhos para fazer minha boutique, com CDs e DVDs. Isso se o pessoal de São Paulo não levar tudo antes.
Mas a cantora garante que sua felicidade é "bastante peculiar": não fecha os olhos para as misérias do mundo. Questionada sobre a difícil situação do Brasil desde 2013, responde que se trata de uma crise no mundo todo e que começou bem antes:
– É o mal da raça humana, um sistema falido desde que foi constituído, há milhares de anos. Está uma porcaria porque criaram um modo civilizatório que não tem nada de civilizado. Veja o caso dos refugiados. Na II Guerra, saiu um monte de gente da Europa. Não foram bem acolhidos no mundo inteiro? Então por que não acolhem hoje os africanos e palestinos?
Angela diz, ainda, que está trabalhando em um livro, o qual tem vontade de lançar em 2017. Será uma autobiografia? Ela desconversa:
– Não sei se será uma autobiografia. Se eu escrever uma biografia mesmo, vai ter muita gente desmaiando de susto. Se eu colocar as verdades da minha vida, muita gente ainda vai em cana.
ANGELA RO RO
Nesta terça-feira (8/11), às 21h.
Sgt. Peppers (Rua Quintino Bocaiúva, 256), fone (51) 3331-3258, em Porto Alegre
Ingressos: R$ 200. Reservas pelo fone (51) 992-467-780