Garota-propaganda de uma empresa de cosméticos. Estrela de reality show. Negra. Gorda. E cheia de autoestima. Estamos falando de MC Carol, a funkeira do momento. A cantora desembarca nesta quinta-feira em Porto Alegre para um show no Rolê, casa noturna da Cidade Baixa que é reduto dos descolados.
– Serão 45 minutos de show. Podem esperar muita animação. Vou cantar as músicas novas – resume MC Carol, falando a ZH pelo telefone desde Niterói, no Rio de Janeiro.
Lançada no dia 6, quando a cantora completou 23 anos, 100% feminista, uma parceria com Karol Conka, é presença garantida no set list. Esse trap funk (estilo que mistura hip hop com música eletrônica), cuja letra enaltece o poder feminino, estará no primeiro álbum de Carol, Bandida, com lançamento previsto para o final deste mês.
– Tem esses dois trap funks, 100% feminista e Delação premiada (em que critica a violência policial). Acho que tem gente pensando que o disco vai ser todo nessa pegada. Mas não vai ser, porque sou funkeira, de putaria, não sou rapper. Fazer essas músicas foi uma experiência para mim. É um tipo de música que ouço – explica MC Carol, que cita entre as suas influências a própria Karol Conka e mais Racionais MC's, Cartola, Zeca Baleiro, Alcione, Zeca Pagodinho, Amy Winehouse, Dalva de Oliveira e Elis Regina.
Ouça o trap funk 100% feminista:
Os primeiros hits da funkeira, como Minha vó tá maluca e Vou largar de barriga, sobre gravidez na adolescência, composta aos 16 anos, também devem aparecer no show desta quinta-feira. São inspirados em experiências de Carol e de suas amigas no Morro do Preventório, em Niterói (RJ), quando cantava em bailes por diversão e recebia como pagamento uma garrafa de vinho.
Passados sete anos, a cantora vai aprendendo aos poucos a lidar com o sucesso após ser descoberta pelo grande público durante participação no reality show Lucky ladies, exibido pelo canal pago Fox Life em 2015, e estrelar um comercial da Avon, em agosto deste ano:
– Não me vejo como uma pessoa famosa, uma artista. Vejo-me como uma pessoa normal. É perigoso essa coisa de a fama subir para a cabeça – declara a funkeira, que teve de enfrentar o preconceito e ataques racistas em suas redes sociais à medida que se tornava cada vez mais conhecida.
– Tenho a autoestima alta. Nada me abala. Isso não influencia em nada a minha vida. Já recebi mensagens absurdas, falando que não deveria andar na rua, que deveria estar numa jaula. A gente entrou com um processo contra essas pessoas – desabafa Carol, que se tornou um símbolo da luta pelos direitos das mulheres negras e contra a gordofobia.
Confira Vou Largar de Barriga, primeiro hit de MC Carol:
LACRE com MC CAROL
Quinta-feira, a partir das 23h.
Classificação: 18 anos.
Rolê (Rua João Alfredo, 486).
Ingressos: de R$ 35 a R$ 45.
Pontos de venda: confira em zhora.co/mclacre