A escritora polonesa Blanka Lipinska, 37 anos, esteve no Brasil no início do mês passado para a divulgação do último livro da trilogia 365 Dias. A obra inspirou a realização do filme 365 Dias Finais, que foi lançado na última sexta-feira (19) pela Netflix. Durante sua passagem pelo país, a autora revelou, em entrevista ao UOL, as inspirações que teve para a criação da história e quais são seus projetos futuros.
De acordo com Blanka, a principal inspiração que teve para criar a história foi uma fase que viveu aos 29 anos, quando sua vida sexual não estava lá muito empolgante.
— Eu criei o primeiro livro porque meu ex-namorado não queria fazer sexo comigo — revelou.
Pouco antes de começar a escrever a primeira obra, o então namorado da escritora se negava a transar com ela, o que a deixou arrasada. Por conta disso, ela começou a se culpar e chegou a buscar ajuda de especialistas para entender o motivo.
Quando começou a investigar a história, Blanka descobriu que, na verdade, seu então affair nunca tinha amado de verdade uma namorada e como só conhecia o amor por sua mãe e irmã, acabou transferindo para ela o mesmo tipo de afeto que tinha por suas familiares. A partir disso, o desejo sexual dele foi desaparecendo.
— Isso se chama "amor branco" e é uma condição que existe. Há pessoas que vivem em relacionamentos assim por anos, mas só funciona se os dois querem isso e eu não queria. Eu tinha 29 anos, era uma mulher saudável e bonita. Queria me sentir mulher — explicou.
Por conta da questão com o namorado, a escritora contou que começou a sentir raiva e que passou a acreditar que ela não fosse suficientemente sexy para ele. Para suprir a falta de sexo, Blanka começou a ler livros eróticos e assistia a filmes pornô com frequência.
No entanto, a escritora diz que os títulos que lia eram horríveis, com histórias estranhas e sexo "vergonhoso". Foi assim que surgiu 365 Dias, que narra a história do mafioso italiano Massimo Torricelli (Michele Morrone), que sequestra a jovem Laura (Anna-Maria Siekluck) e promete fazer com que ela se apaixone por ele no período de um ano.
Blanka ressaltou que apesar da história ter sido baseada em sua própria vida e na relação que mantinha com o ex-namorado, a personagem Laura não é inspirada em seu perfil pessoal. Além disso, Massimo não condiz com seu antigo affair, que é inspirado em Martin, o namorado da protagonista que tem uma breve participação ao longo da obra.
Repercussão dos filmes
Apesar de 365 Dias ter recebido uma nota de 0% do site de crítica Rotten Tomatoes, o longa entrou na lista dos filmes mais assistidos da Netflix em diversos países, incluindo o Brasil. O primeiro filme chegou a ser considerado o mais popular em 2020. O segundo, chamado 365 Dias: Hoje, também integrou a lista dos mais assistidos.
A trilogia segue dividindo opiniões. Alguns internautas fazem duras críticas à história por romantizar questões como assédio sexual e sequestro.
Outros projetos
A autora revelou ao UOL que pretende se envolver na criação de filmes pornográficos voltados ao público feminino. Para Blanka, há escassez desse tipo de conteúdo e a indústria ainda é predominantemente masculina, o que faz com que os homens produzam conteúdos de acordo com seus gostos e não atendam aos desejos e às necessidades das mulheres.
Uma das primeiras experiências da autora com cinema foi em 365 Dias. Blanka foi uma das responsáveis por dirigir as cenas de sexo dos filmes, que apesar de não serem explícitas, são consideradas picantes.