Declarações repletas de afeto, longos abraços, lágrimas e uma fila que se demorava a encontrar o fim marcaram a sessão de autógrafos do patrono da 67ª Feira do Livro de Porto Alegre, Fabrício Carpinejar, no final da tarde deste domingo (7), especial para o lançamento do livro Depois é Nunca.
Percebendo que a fila de leitores assíduos já se prolongava no trecho destinado ao evento, Carpinejar apressou-se e iniciou a distribuição de dedicatórias cerca de 10 minutos antes do planejado. Era o momento mais esperado pela professora Marta Pereira, 57 anos, de Porto Alegre, a primeira da fila, que aguardava em pé havia duas horas o início da sessão. Com cinco livros — três edições da nova obra do escritor — Marta queria dar um abraço e falar da perda da mãe, Maria de Lurdes, para a covid-19, em dezembro do ano passado. A obra de Carpinejar, que aborda os efeitos da pandemia na vida das pessoas, fala sobre luto e saudade e destaca a importância da arte no processo de cura, foi um ombro amigo para Marta.
— Carpinejar fala sobre os sentimentos e tem uma linguagem acessível a todos. Me identifico muito com ele — disse Marta, que entregou ao escritor uma mensagem escrita ainda na fila e, em troca, recebeu uma dedicatória do autor.
Aliás, os cem primeiros da fila receberam, cada um, um guardanapo de papel com dedicatória especial escrita a mão por ele.
— Estou muito emocionado, principalmente, porque tem muita gente chorando, carente por abraço, por carinho, por dengo e por afago. Gente que veio de Santa Catarina. Gente que disse que sou o seu amigo do trem, o seu amigo das horas quebradas. Emocionante a Feira — disse Carpinejar, com a voz embargada, enquanto atendia aos leitores.
As amigas Ana Maria Schizzi, 68 anos, e Vera Maria Priori, 70 anos, chegaram à fila quase ao mesmo tempo que Marta. Com os livros em mãos, pretendiam dizer a Carpinejar que eram de Guaporé, a cidade onde nasceu a mãe dele, a poeta Maria Carpi, que foi patrona da Feira em 2018.
— Ele tem uma espontaneidade e uma simplicidade únicas e fala sobre temas que gostaríamos de falar também — comentou Ana Maria.
— O grande segredo dele é a humildade. Ele é gente como a gente — completou Vera Maria.
Antes do início da sessão de autógrafos, o primeiro lote com 400 livros do autor já havia se esgotado na tenda de autógrafos. Os organizadores providenciavam a chegada de mais exemplares. Enquanto aguardava a sua vez de falar com o autor, a professora Ana Cristina da Silva, 50 anos, de Alvorada, aproveitava para ler as primeiras das 128 páginas de Depois é Nunca. Ela foi aluna do escritor em um curso online oferecido por ele.
— Depois deste curso, passei a acreditar mais em mim. Carpinejar me devolveu o poder de escrever. Por isso, sou muito grata a ele — explicou Ana Cristina.
Como forma de agradecimento aos visitantes da Feira, Carpinejar promete uma surpresa no próximo dia 11, às 17h, na área central da Praça da Alfândega, onde ocorre o evento.