Nápoles ou a Terra Média, o espaço sideral ou um antigo império africano, o interior gaúcho ou o reino dos anjos: até quando a ordem é ficar em casa, a literatura oferece os mais diferentes destinos para os leitores. Enquanto a recomendação é não sair para rua, para impedir o avanço do novo coronavírus, GaúchaZH apresenta algumas séries de livros que são dignos de uma maratona.
Para ter uma aventura espacial…
No lado mais brega da Borda Ocidental da galáxia, o fim do mundo acontece numa quinta-feira. Sem mais Terra pra chamar de lar, Arthur Dent se aventura pelo espaço ao lado do alienígena Ford Prefect. Para conduzi-los, existe o Guia do Mochileiro das Galáxias (Editora Arqueiro). Com verbetes apócrifos, Douglas Adams nos conta que há tempos o Guia superou a Enciclopédia Galáctica em número de vendas por ser “ligeiramente mais barato” e trazer na capa a frase “NÃO ENTRE EM PÂNICO”.
Para uma aventura angelical…
Da queda dos anjos ao crepúsculo do mundo é o pequeno escopo escolhido por Eduardo Spohr para tratar em sua Tetralogia Angélica (Verus Editora). Dos Filhos do Éden até A Batalha do Apocalipse, o escritor carioca trespassa toda a história da humanidade para narrar a jornada dos anjos (e demônios), que, segundo ele, estão até hoje entre nós. Nem tão bonzinhos ou calmos, aqui as criaturas são soldados dos céus, sempre prontos para o combate.
Para fugir desta realidade...
Um elfo, um anão, um mago, dois humanos e quatro hobbits entram num bar… ou melhor, em uma caminhada dura. Bem longe da nossa civilização, J.R.R. Tolkien não poupa detalhes ao criar a Terra Média — até a última folha de árvore na beira da estrada pela qual andam os seres mágicos de O Senhor dos Anéis (Editora HarperCollins). Na história, o grupo discrepante tenta impedir a ascensão de Sauron, o Senhor do Escuro, que “quer a todos dominar” e “na escuridão aprisioná-los”.
Para se apaixonar…
É puro romance com tristeza nas páginas da trilogia de Como Eu Era Antes de Você (Editora Intrínseca). Jojo Moyes pode até ser britânica, mas se dedica a um dramalhão digno de novela das nove. Já no primeiro volume, a protagonista, Lou, que sustenta a própria família, perde o emprego e acaba como cuidadora de um ricaço tetraplégico. Mergulhado numa depressão profunda, o personagem não é lá muito simpático mas — é claro — isso não a impede de se apaixonar perdidamente por ele.
Para relembrar outros tempos...
O imperador Ngungunyane (1850 - 1906) resiste às garras europeias que se estendem sobre a África e tentam dominar todos os povos do continente. Natural de Moçambique, o escritor Mia Couto resgata os derradeiros momentos do Estado de Gaza, o segundo maior império governado por um africano, na trilogia As Areias do Imperador (Companhia das Letras). De um lado, a Coroa Portuguesa tentando impor seu domínio, do outro, as próprias disputas entre as tribos sob comando do imperador.
Para viajar no tempo (e com o vento)...
No fictício vilarejo de Santa Fé, no interior do Rio Grande do Sul, Erico Verissimo acompanha as desventuras da família Terra Cambará e, por vezes, de seus desafetos, o clã Amaral. Do começo do século 18, a trama de O Tempo e o Vento (Companhia das Letras) vai se desvelando junto à história da formação do Estado, trazendo personagens conhecidos até hoje, como Ana Terra e o Capitão Rodrigo Cambará. A obra é um dos clássicos da literatura gaúcha.
Para não amar as mulheres...
Nem as deduções de Sherlock, muito menos as pequeninas células cinzentas de Poirot. A saga policial Millenium (Companhia das Letras), que teve início com o romance Os Homens que Não Amavam as Mulheres, aposta suas fichas em Lisbeth, uma hacker, punk e bissexual, que prefere fazer justiça à sombra. Para tanto, ela conta com ajuda do jornalista Mikael, editor da revista Millennium. Originalmente do escritor sueco Stieg Larsson, que assina as três primeiras obras da série, a história foi finalizada por David Lagercrantz, após a morte de Larsson.
... e para amá-las, sim
Aqui, o mistério é de outro tipo: a Tetralogia Napolitana (Biblioteca Azul) é assinada por Elena Ferrante, pseudônimo de uma autora italiana que faz questão de manter-se anônima, concedendo apenas entrevistas por escrito e nunca vindo a público. As obras, que tem início com A Amiga Genial, acompanham o amadurecimento de um grupo de meninas de Nápoles, que crescem em uma Itália pobre, graças ao pós-guerra, na década de 1950.