Considerada uma das primeiras escritoras negras do Brasil, Carolina Maria de Jesus faria 105 anos se estivesse viva. Sua vida e sua obra mereceram homenagem do Google nesta quinta-feira (14), na interface conhecida como doodle — qualquer pessoa que acessar a busca pode conferir uma arte feita para celebrar a contribuição da escritora.
Nascida no interior de Minas Gerais em 1914, Carolina Maria de Jesus mudou-se aos 33 anos para a favela do Canindé, em São Paulo. Foi descoberta pelo jornalista Audálio Dantas, que, com a missão de escrever uma reportagem sobre a vida de quem vivia na comunidade às margens do Rio Tietê para os jornais do grupo Folha — à época, eram três — surpreendeu-se com uma mulher negra que escrevia em um diário — apesar de ser semi-analfabeta. O material se transformou em um dos livros mais cultuados na literatura brasileira, Quarto de Despejo: Diário de Uma Favelada (1960), em que ela retratava a vida miserável à qual estavam submetidos os moradores.
A habilidade com a escrita, apesar das dificuldades sócio-econômicas, fez de Carolina Maria de Jesus uma celebridade internacional, ganhando espaço em revistas como Life, Paris Match e Time.
A obra máxima, Quarto de Despejo, foi traduzido para 13 idiomas e vendeu mais de 1 milhão de exemplares. Ainda hoje, costuma ser leitura obrigatória em faculdades e vestibulares — está entre os livros recomendados no vestibular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) de 2020. Além deste, Carolina Maria de Jesus publicou Casa de Alvenaria (1961), Pedaços de Fome (1963), Provérbios (1963) e Diário de Bitita (1982) — este último publicado depois da morte da escritora, em fevereiro de 1977.