Os textos vencedores do primeiro concurso literário para jovens internos da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fase) foram reunidos no livro Dobras, Pincéis e Vozes, ilustrado por adolescentes da instituição e lançado nesta segunda-feira (12) no Espaço do Conhecimento da Petrobras na Feira do Livro. Fruto de uma parceria da Fase com o Banco de Livros – Fundação Gaúcha de Bancos Sociais, a Sage Foundation e o Procon-RS, a iniciativa deve se tornar anual, na sequência de cada edição do concurso, almeja o presidente do Banco de Livros, Waldir da Silveira.
O Banco de Livros, que doou bibliotecas às 26 unidades da Fase, apoiou as três edições da coletânea de textos de apenados, Vozes de um Tempo. Um presidiário leu 600 livros e disse que a prática o ajudou muito a se transformar, recorda-se Waldir. A obra que mais teve influência, segundo o apenado contou ao presidente do Banco de Livros, foi Dom Quixote, de Miguel de Cervantes.
– Sei que tem presos irrecuperáveis. Mas tem outros que são recuperáveis. Os que são ganhos pela leitura jamais vão voltar para o presídio - avalia o presidente do Banco de Livros.
A presença das bibliotecas nas unidades de Fase aconteceu em um momento posterior à instalação nas casas penais e foi muito bem recebida pelos adolescentes, que leem e escrevem muito, segundo Waldir. O envolvimento com a literatura inclui as famílias que visitam os adolescentes, que são estimuladas a escolher obras para levar para ler em casa.
– A gente quer que essa gurizada não chegue ao Presídio Central. Pelo livro, pela educação, eles vão ser inseridos na sociedade – afirma Waldir.
O Banco de Livros, que recebe doações de exemplares de pessoas físicas e jurídicas e instala bibliotecas em entidades que atendem pessoas em situação de vulnerabilidade, já tem dez anos de atividade, período em que atendeu 1.040 instituições repassando um milhão e trezentos livros.