Em mais de 30 anos de carreira, Lenine empunhou o violão no palco e fez do jeito original de tocar o instrumento uma das marcas de sua música. Com o recém-lançado Em Trânsito, o compositor resolveu fazer diferente: deixou as seis cordas de lado ao criar os arranjos e tocar as canções inéditas do álbum.
– Foi quase um exorcismo. O violão era como uma parte do meu corpo – brinca Lenine. – O meu jeito de tocar induzia os arranjos, então resolvi apresentar para a banda as composições a capela, para evidenciar mais ainda o trabalho criativo do grupo, que é um dos focos desse trabalho.
Nesta sexta-feira o público de Porto Alegre poderá conhecer o resultado dessa criação coletiva. Às 20h, o pernambucano toca no Opinião, em um show no qual deixa de lado o violão em metade do setlist.
– Essa turnê está sendo muito estimulante. As palavras ganham peso diferente quando você não está com seu instrumento. Percebo que, às vezes, coisas simples como uma pausa podem mudar a dimensão de uma letra – avalia o músico.
Em Trânsito subverte a dinâmica tradicional do lançamento de um álbum de inéditas. Não foi gravado em estúdio, mas ao vivo, no Imperator, no Rio, contando com uma plateia de amigos. As faixas já estão disponíveis nos serviços de streaming, e o CD deve sair neste mês. Já o DVD está programado para 1º de agosto, mesma data de estreia de um documentário sobre o projeto no Canal Brasil.
A direção musical é de Bruno Giorgi, filho de Lenine e também guitarrista da banda que o acompanha. Além de Giorgi, o time que gravou o novo álbum – e que também estará no show desta sexta-feira – é composto por Jr. Tostoi (guitarra), Guila (baixo) e Pantico Rocha (bateria). São músicos que acompanham o pernambucano há anos, dando um clima familiar às turnês.
– Pantico Rocha está há quase 30 anos tocando comigo; Jr. Tostoi, mais de 20. Guila também deve estar há pelo menos 15. O mais novo é o Bruno, que nasceu dentro desse lance. O disco reverbera esse afeto entre nós – conta Lenine.
“Afeto” é uma das palavras centrais de Leve e Suave, faixa que abre o álbum: “Seguir de fato/ O caminho exato/ Da delicadeza/ De ter a certeza/ De viver no afeto”. O disco também tem espaço para temas mais sombrios, como na faixa Intolerância, parceria com Ivan Santos, que trata esse comportamento como personagem: “Ela vem e espalha conflito/ Ganha nem que seja no grito/ E se tem alguém que eu evito/ É ela”. Já em Sublinhe e Revele, Lenine propõe: “Nunca sublime/ Nunca releve/ Sublinhe/ Revele”.
O projeto também contou com a participação do jovem pianista Amaro Freitas, em Lua Candeia, parceria de Lenine com Paulo César Pinheiro lançada em 2001 por Margareth Menezes, mas nunca gravada pelo pernambucano. O DVD conta com o saxofone de Carlos Malta na faixa Que Baque É Esse?, registrada por Lenine em 1997. Além de Lua Candeia e Que Baque é Esse?, o CD traz a regravação de Virou Areia, de 2004.
– Ao escolher canções não inéditas para o show, tivemos o cuidado de pinçar as que tivessem relação com as novas composições. Músicas de 20 anos atrás demonstram frescor e ganham nova dimensão nesse formato – diz Lenine.
Lenine - Em Trânsito
Nesta sexta-feira, às 20h.
Opinião (José do Patrocínio, 834), em Porto Alegre.
Ingressos a R$ 70 (promocional, com a doação de um quilo de alimento não perecível) ou R$ 130 (inteira - 1º lote).
À venda sem taxa de conveniência (somente em dinheiro) na Youcom Bourbon Wallig. Demais pontos de venda (sujeito a taxas): Lojas Youcom dos Shopping Praia de Belas, Iguatemi, Bourbon Ipiranga, Barra Shopping Sul, Shopping Total, Bourbon São Leopoldo, Bourbon Novo Hamburgo, Park Shopping Canoas e Canoas Shopping; Multisom (Andradas 1.001); e pelo site blueticket.com.br.