A Feira do Livro de Porto Alegre já tem patrono. Ou melhor, patrona. A escritora Cíntia Moscovich foi a escolhida da vez, conforme anúncio realizado nesta quarta-feira pela Câmara Rio-Grandense do Livro (CRL), no Master Premium Grande Hotel, com a presença de Dilan Camargo, patrono de 2015, e de autoridades.
Na eleição, Cíntia desbancou os patronáveis André Neves, Caio Riter, Claudia Tajes e Luís Dill. O pleito é decidido a partir dos votos de empresas associadas à CRL, ex-presidentes da Câmara, ex-patronos e representantes da comunidade cultural porto-alegrense.
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Esta foi a quinta vez que a autora esteve cotada para o posto. Cíntia disse que sua mãe já havia dito para ela que não valia a pena "essa coisa de escrever". No entanto, lembrou de patronos amigos como Sérgio Napp, Carlos Urbim e Ruy Carlos Ostermann, e decidiu participar da eleição mais uma vez:
– Quando lembrei da alegria do Ostermann, que era meu colega em ZH quando foi patrono, me dei conta que teria que concorrer outra vez. A mãe que entenda! – brincou Cíntia, que já foi editora do 2º Caderno, depois do anúncio.
Também é a quinta vez em que uma mulher assume o posto mais prestigiado do tradicional encontro literário.
– Acho uma feliz coincidência, mas não acho que seja algo determinante para o patronato – disse a escritora.
A primeira patrona foi a escritora e educadora Maria Dinorah, escolhida em 1989, depois de 35 edições da feira. Além de Dinorah, Lya Luft (1994), Patrícia Bins (1996) e Jane Tutikian (2011) completam o quadro de patronas que precederam Cíntia.
Jornalista, mestre em Teoria Literária, Cíntia Moscovich começou a carreira literária em 1996, com o volume de contos O reino das cebolas. A estreia teve boa repercussão, rendendo uma indicação ao disputado Prêmio Jabuti, além da tradução de um conto para o inglês, incluído na coletânea Jewish voices in brazilian literature, que reunia escritores brasileiros de ascendência judaica.
O primeiro romance também foi bem-sucedido. Duas iguais conquistou o Prêmio Açorianos em 1999, feito que a autora repetiu em 2001 com o segundo livro de contos, Anotações durante o incêndio. Com sete obras lançadas, seu lançamento mais recente, Essa coisa brilhante que é a chuva?, venceu o disputado Prêmio Portugal Telecom em 2013, hoje substituído pelo Oceanos. Além disso, Cíntia também é conhecida como cronista, mantendo uma coluna no 2º Caderno.