O movimento não foi dos melhores no primeiro dia da Feira do Livro, mas não abalou em nada a Câmara Rio-grandense do Livro (CRL), entidade promotora do evento. Na solenidade de abertura, no fim da tarde de sexta-feira, o presidente da CRL, Marco Cena, deixou claro que, para promover mais uma edição do encontro, sua equipe teve de passar por desafios muito maiores do que um dia de tempo frio e pouca agitação. A retração econômica, que já havia dificultado o trabalho em 2015, foi a maior dificuldade enfrentada pelos organizadores.
– No ano passado, dizíamos que aquela era a Feira da superação. Mal sabíamos o que nos esperava. Ficou até complicado achar um novo adjetivo para esta edição. Mas um sentimento que repousou sobre nossa equipe neste ano foi a esperança – disse Marco Cena, sob aplausos. – É a mesma esperança que fez desembarcar aqui aqueles 60 casais açorianos no passado – afirmou, relembrando a fundação da Capital por colonos dos Açores, território homenageado neste ano.
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Além da organização, estavam presentes no evento autoridades, apoiadores, ex-patronos e a novo patrona, Cíntia Moscovich.
– Já recebi premiações importantes, mas nada se compara ao que acontece aqui. Como dizia Moacyr Scliar, não sou mais que uma guriazinha do Bom Fim – disse Cíntia, ao receber a homenagem.
O Teatro Carlos Urbim, estrutura armada ao lado do setor infantil e juvenil da Feira, capaz de receber mais de 300 pessoas, estava lotado para a solenidade de abertura. As bancas do evento, no entanto, já estavam abertas desde as 12h30min e não registraram tanto movimento.
A temperatura baixa e momentos de chuva fina deixaram a Praça da Alfândega pouco convidativa às visitas. O baixo movimento, no entanto, não surpreendeu a maior parte dos livreiros, já que o primeiro dia de evento não costuma ser um dos mais agitados, não servindo de parâmetro para as duas semanas de Feira. Expositores da área internacional, no entanto, demonstraram alguma preocupação.
Tradicionalmente localizada sobre o passeio, em frente ao Margs, a área agora foi movida para dentro do Memorial do RS, com o objetivo de reduzir despesas de infraestrutura.
– A tendência é que diminua o público. Nós perdemos o corredor na rua de anos anteriores. Mas a Feira, no geral, também demonstra pouco movimento perto de edições passadas – aponta Denilson Araújo, da SBS Livraria, que, apesar do pessimismo, admite que ainda seja cedo para tirar conclusões.
Tempo frio e nuvens suspeitas podem não ajudar, mas a programação do evento deve fazer sua parte para atrair o público neste final de semana. Neste sábado, dois destaques devem seduzir o público: a compositora Adriana Calcanhotto, às 19h, no Teatro Carlos Urbim, e às 20h na Praça de Autógrafos; e o escritor peruano Jeremías Gamboa, às 18h, na Sala Leste do Santander Cultural. Já no domingo é a vez do israelense David Grossman, às 11h, no Theatro São Pedro; e de Jorge Volpi, às 18h, na Sala Leste do Santander Cultural. Para assistir aos bate-papos com Grossman e Adriana, é preciso retirar senhas a partir das 12h30min de sábado, no balcão de informações da Feira do Livro, no cento da Praça da Alfândega.
David Grossman: Autor de romances como Duelo (1982), Ver: Amor (1986), A mulher foge (2008) e o recente O inferno dos outros (2016), o israelense David Grossman faz palestra no domingo, às 11h, no Theatro São Pedro. A distribuição de senhas começa no sábado, às 12h30min, no Centro de Informações da Feira. A apresentação será da jornalista Adriana Carranca, autora do livro Malala, a menina que queria ir para a escola.