Vanguarda da filosofia e das artes em diferentes momentos históricos, a França tem renovado seu debate público nos últimos anos com questões pertinentes, muito além do contexto europeu. Não é à toa que três dos 13 convidados deste ano no Fronteiras do Pensamento são franceses.
Luc Ferry, Elisabeth Roudinesco e Frédéric Martel condensam, em suas três personalidades, discussões sobre os temas de ecologia, pautas identitárias e o avanço tecnológico. Trabalhadas de formas distintas, as questões formam alguns dos principais assuntos debatidos atualmente em seu país de origem.
Saiba como eles vem influenciando o debate público na atualidade:
Luc Ferry
Luc Ferry ficou conhecido por apresentar em seus livros o que chama “humanismo secularizado”, uma doutrina que traz sentido à vida não atrelada a dogmas religiosos. Nos últimos anos, no entanto, tem se dedicado ao debate sobre ecologia, sugerindo que tecnologia pode ser a solução para superar o impasse entre produção e sustentabilidade. Em seu livro mais recente, “Les Sept Écologies”, ainda sem tradução no Brasil, propõe uma alternativa aos ecologistas “catastrofistas” e “reformistas”, que se dividiriam entre acreditar em um colapso ambiental inevitável ou promulgar um crescimento verde insustentável a longo prazo.
O filósofo ganhou notoriedade a partir dos anos 1980, impulsionado pela corajosa tarefa de sugerir contradições na obra de luminares herdeiros do Maio de 1968, como Jacques Lacan, Jacques Derrida e Michel Foucault. Entre 2002 e 2004, atuou como ministro da Educação.
Elisabeth Roudinesco
Diferentemente de Luc Ferry, Elisabeth Roudinesco não marca um rompimento com o Maio de 1968. Em vez disso, pode ser considerada uma continuadora das ideias de alguns dos principais intelectuais que se destacaram a partir do movimento.
Sua mãe também era psicanalista e ajudou a fundar a Escola Freudiana de Paris, ao lado do amigo Jacques Lacan. Foi a obra de Lacan que fez Roudinesco despertar para a psicanálise. No entanto, sua carreira não se deu na clínica, e sim na investigação e registro da história do pensamento psicanalítico.
Roudinesco está divulgando atualmente seu novo livro “O Eu Soberano”. No trabalho, dedica-se a analisar os movimentos identitários na atualidade, apontando o risco de que a multiplicação de pautas emancipatórias possa conduzir ao isolamento.
Frédéric Martel
Martel foi projetado para o sucesso internacional com o lançamento de “No Armário do Vaticano”, lançado em 2019 e logo alçado a best-seller do New York Times e traduzido em mais de 20 países. No livro, expõe a vida sexual por trás das aparências no centro de poder do Igreja Católica. Para o escritor, quebrar os segredos que envolvem a vida íntima de cardeais, bispos e padres é um modo de baixar o véu que encobre a sexualidade no Vaticano – ocultamento que, em última análise, dificulta ainda mais a investigação de casos criminosos de abuso e pedofilia.
PhD em Ciências Sociais pela Universidade de Sorbonne, também é autor de obras que ajudam a compreender a indústria criativa, como “Mainstream: A guerra global das mídias e das culturas” (2010) e “Smart: O que você não sabe sobre a internet” (2014).
O Fronteiras do Pensamento tem patrocínio do Hospital Moinhos de Vento, Unimed Porto Alegre, Dexco e Icatu Seguros, com parceria acadêmica da PUCRS, parceria empresarial da Uniodonto, Sinergy e Colégio Bertoni Med, parceria institucional do Pacto Global e Promoção do Grupo RBS.
Fronteiras do Pensamento 2022
● Serão 12 conferências, entre presenciais e online. A primeira será em 10 de agosto, com Stuart Firestein e Natalia Pasternak. Os demais conferencistas são Frédéric Martel, Steven Johnson, Luc Ferry, Élisabeth Roudinesco e Marcelo Gleiser (presenciais), Jorge Caldeira, Maria Homem, Martha Gabriel, Mayana Zatz, Rodrigo Petronio e Sidarta Ribeiro (online).
● As inscrições podem ser feitas no site fronteiras.com. Saiba mais pelo telefone (11) 97624-7423 ou pelo WhatsApp (11) 93775-5752. A cobertura completa de GZH, com entrevistas, artigos e textos sobre as conferências, você acessa em gzh.rs/fronteiraszh.