Misturando diferentes linguagens, como a performance, a dança, a música e a atuação, a peça Sem Palavras será exibida em Porto Alegre às 21h desta sexta-feira (26) e do sábado (27) no Teatro Renascença, dentro da programação do 17° Palco Giratório Sesc, festival que termina no domingo (28). Ao contrário do que o nome faz parecer, é uma montagem repleta de discursos (veja detalhes sobre ingressos ao final do texto).
Segundo o diretor da peça, o carioca Marcio Abreu, integrante e fundador da Cia. Brasileira de Teatro (PR), uma das mais importantes do país e que assina a realização do espetáculo, Sem Palavras forma uma trilogia com seus trabalhos anteriores e que também vieram à Capital, PROJETO bRASIL e Preto. Embora independentes uns dos outros, têm em comum percepções a respeito do Brasil.
No caso de Sem Palavras, que neste ano ganhou o Prêmio Shell de Teatro do Rio de Janeiro na categoria de melhor dramaturgia (para Abreu e Nadja Naira), a discussão é como a palavra, ou a narrativa que toma conta de um pensamento social, é ocupada por quem tem poder. E como populações mais invisíveis ficam destituídas de voz.
— É uma peça que questiona o lugar da palavra como instrumento de poder e de manipulação, e pensa como ocupar o lugar da palavra de outra maneira. A quem, historicamente, foi negado o direito à palavra? Digo isso de maneira ampla e simbólica. Não é aleatório que seja uma peça com muitas palavras, com muito texto — reflete Abreu.
A escrita completa de Sem Palavras levou cerca de dois anos, entre 2020 e 2022. O texto que deu origem ao espetáculo virou um livro homônimo (editora Cobogó, 80 páginas, R$ 42), que será lançado neste sábado, às 17h, no Centro Municipal de Cultura (Av. Erico Verissimo, 307), que abriga o Teatro Renascença. Gratuito, o evento terá uma conversa com Abreu. Depois do Rio de Janeiro, Porto Alegre é o segundo lugar em que a obra será lançada.
Parte da inspiração de Sem Palavras veio de leituras contemporâneas que marcaram Abreu, principalmente Um Apartamento em Urano, reunião de crônicas do filósofo espanhol e transgênero Paul B. Preciado, que haviam sido publicadas no jornal francês Libération. O livro foi escrito enquanto o próprio autor passava por uma transição de gênero. Os textos da jornalista gaúcha Eliane Brum, dona de um pensamento dissidente e contra-hegemônico, como define Abreu, também respingaram na peça.
No palco, oito atores e um músico trazem questões latentes no Brasil e no mundo, envolvendo principalmente exploração, injustiças e minorias sociais.
— A peça tem uma linguagem muito direta de diálogo com o público, com temas muitos diversos. Várias personagens apresentam seus deslocamentos, suas transições, suas transformações. Há questões ligadas à homofobia, ao extremo consumismo e como o capitalismo age na vida das pessoas, como, muitas vezes, as pessoas são exploradas, além da violência patriarcal e como as travestis são vistas no mundo de hoje — diz Abreu.
Os ingressos para a peça custam R$ 30 para usuários dos cartões Sesc/Senac nas categorias Comércio e Serviços ou Empresários, estudantes, classe artística e idosos acima de 60 anos e R$ 60 para o público em geral. Podem ser adquiridos no site do Palco Giratório ou uma hora antes, se ainda houver disponibilidade. A sessão de lançamento do livro tem entrada gratuita.
Sem Palavras
- Nesta sexta-feira (26) e sábado (27), às 21h, no Teatro Renascença (Av. Erico Verissimo, 307), em Porto Alegre.
- Classificação: 18 anos. Duração: 110 minutos.
- Ingressos à venda nas Unidades Sesc/RS, no site sesc-rs.com.br/palcogiratorio e, havendo disponibilidade, uma hora antes de cada apresentação na bilheteria pelo valor de R$ 30 para os usuários dos cartões Sesc/Senac nas categorias Comércio e Serviços ou Empresários, estudantes, classe artística e idosos acima de 60 anos, e R$60 para o público em geral.
- Lançamento do livro Sem Palavras (Cobogó), de Marcio Abreu, no sábado (27), às 17h, no Centro Municipal de Cultura (Av. Erico Verissimo, 307), com entrada gratuita.