O clima é de reencontro, vale a pena ver de novo e de estreia — mesmo com quase 20 anos de história. Zé Victor Castiel, Oscar Simch e Rogério Beretta retornam aos palcos depois de uma ausência de dois anos forçada pela pandemia — então, a vontade é grande.
A nova (e curtíssima) temporada de Homens de Perto apresenta um compêndio dos melhores momentos das três versões anteriores e cenas inéditas, em sintonia com os últimos acontecimentos do cotidiano brasileiro.
— Depois da pandemia, tanto tempo longe dos palcos, para nós está sendo uma sensação parecida com a estreia. Estamos voltando com tudo. Toda a equipe está muito a fim de fazer, de se divertir e divertir o público. Quem for assistir vai ver um espetáculo com frescor de novo — afirma Beretta.
A temporada no Theatro São Pedro (TSP), de quarta (15) a domingo (19), é uma homenagem aos 250 anos de Porto Alegre e aos 164 anos do TSP. A direção é de Nestor Monastério, e o texto, que dá espaço para improvisação dos atores, é de Artur José Pinto. A última vez que essa turma mostrou seu trabalho foi no Porto Verão Alegre de 2020, pouco antes da pandemia.
Histórias
Castiel, Simch e Beretta interpretam três atores medíocres que decidem continuar a encenar um show mesmo depois da morte repentina de Honorato, um quarto ator. Porém, Honorato era o único que realmente tinha algum talento. O resultado é uma sucessão de micos e gafes em cerca de 1h30min de espetáculo. Como há interação com a plateia, o tempo exato de duração varia conforme a receptividade do público às brincadeiras.
— Quando lançamos o espetáculo, o formato era uma surpresa. Hoje em dia, tem muitos shows de humor, stand-ups maravilhosos, que foram pelo mesmo caminho, num tom mais popular — recorda Beretta sobre seu trabalho e dos colegas, que se tornou um dos maiores sucessos de público do teatro gaúcho.
O reconhecimento enche os atores de gratidão, diz ele:
— É um espetáculo que dialoga muito com o público. Então, as pessoas se sentem tão à vontade que, quando nos encontram na rua, querem parar, conversar, como se fossem amigos. Sempre com muito carinho. Só temos a agradecer. Homens de Perto está aí há tantos anos por causa do público.
Não faltam histórias para ilustrar tanto carinho. Beretta recorda uma apresentação em cidade da região metropolitana de Porto Alegre, quando a peça levou cerca de 10 mil pessoas para a praça central. A multidão impressionou os organizadores, que previam nada além de 2 mil espectadores e queriam pagar o cachê proporcional a essa previsão. O trio fincou pé e garantiu que mais gente compareceria, mas o resultado foi além da expectativa mais otimista dos atores.
Ao longo de quase duas décadas, o espetáculo foi se renovando naturalmente. Por usar a linguagem do teatro de revista, um tipo que tem crítica à realidade, o texto acompanha a atualidade.
— Fazemos uma crítica a situações do dia a dia, costumes, comportamento, política – comenta o ator, sem tomar partido. — Mas cada um que vai lá que tire a sua conclusão. O que realmente queremos é fazer rir. A realidade atual está muito triste. Se conseguirmos que as pessoas tenham 1h30min de alegria na semana, já cumprimos a nossa missão.
A origem do título
Para entender o título da peça, é preciso voltar ao contexto da época: Homens de Perto estreou em 2003. Rogério Beretta explica:
— Tínhamos um filme na cabeça: Ou Tudo ou Nada (1997). A intenção era fazer um espetáculo com questões masculinas em contraponto a sucessos como Monólogos da Vagina e Se Meu Ponto G Falasse. Só que nos demos conta de que falar bem de homem não gerava interesse e era difícil (risos). Deixamos a ideia de lado. O título faz um trocadilho com a sequência de filmes MIB — Homens de Preto (o segundo longa é de 2002). O nome também era para sugerir que de perto nenhum homem é normal.
Confira
- De quarta (15) a sábado (18), às 21h, e domingo (19), às 18h, no Theatro São Pedro (Praça Mal. Deodoro, s/nº), em Porto Alegre.
- Ingressos a partir de R$ 30, à venda na plataforma Sympla.